“Minha Mãe”

Depois da decepção de “Temos Papa”, Nanni Moretti regressa com este filme de contornos autobiográficos, sobre Margherita, uma realizadora que está a rodar um filme enquanto a mãe agoniza no hospital (a mãe de Moretti morreu quando ele estava a acabar “Temos Papa”). O autor de “Querido Diário” afasta-se para uma personagem secundária, a de irmão da realizadora (Margherita Buy) e deixa que seja ela a arcar com o fardo da tragédia familiar. Tal como “O Quarto do Filho”, “Minha Mãe” é um filme de grande reserva emocional, sem uma erupção melodramática que seja, com John Turturro no papel de um actor americano irritante e mitómano que vem participar no filme de Margherita, fazendo-lhe a vida negra, e a toda a equipa. Não é um grande Moretti, mas é um bom Moretti.

“A Viagem de Arlo”

E se o asteróide que terá causado a extinção dos dinossauros não tivesse colidido com a Terra e passado ao lado? Os dinossauros teriam sobrevivido e evoluído e vivido lado a lado com os humanos. A nova longa-metragem de animação digital 3D da Pixar/Disney, realizada e co-escrita em estreia por Peter Sohn, parte deste princípio para contar a história de um jovem e simpático Apatossauro, o Arlo do título, e do menino das cavernas com quem trava amizade e vive uma aventura. O filme passou por uma produção muito agitada, tendo sido completamente modificado e o seu realizador e produtor iniciais afastados do projecto a meio dos trabalhos, estreando-se dois anos depois do previsto.

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“O Leão da Estrela”

Uma desgraça nunca vem só. Depois de ter vampirizado e desfigurado “O Pátio das Cantigas”, Leonel Vieira atira-se agora a “O Leão da Estrela”, de Arthur Duarte, não para fazer uma nova versão ou para o “homenagear”, mas para o parasitar e deturpar com um oportunismo baixamente comercial. A história do filme original, que glosa a rivalidade entre Lisboa e Porto através da rivalidade futebolística entre o pelintra Anastácio, o sportinguista (António Silva), e o ricaço Barata, o portista (Erico Braga), é agora transferida para a rivalidade entre um alcochetense (Miguel Guilherme) e um alentejano (José Raposo), e tudo deixa de fazer sentido, até mesmo o título. Escrita, realizada e interpretada às três pancadas, a fita tem ainda o fim mais imbecil da história do cinema português.

“A Ponte dos Espiões”

Steven Spielberg mete-se na máquina do tempo e regressa aos tempos quentes da Guerra Fria neste filme escrito pelos irmãos Joel e Ethan Coen. Tom Hanks interpreta James B. Donovan, o advogado que em 1957 defendeu o espião do KGB Rudolf Abel (estupendamente interpretado pelo inglês Mark Rylance, que faz muito teatro e televisão, mas pouco cinema) e, em 1962, numa Berlim onde o muro estava a ser construído, negociou a troca deste por Gary Powers, o piloto do avião espião U2, abatido sobre a União Soviética, bem como por um incauto estudante americano preso na RDA. “A Ponte dos Espiões”  foi escolhido pelo Observador como a estreia da semana. Pode ler a crítica aqui.