Angola é um dos 11 países que ainda têm mais de 100 quilómetros quadrados de áreas com minas terrestres, segundo indica um relatório da International Campaign to Ban Landmines (ICBL).

No documento, relativo ao período entre outubro de 2014 e outubro de 2015, nenhum outro país lusófono surge na lista, que se divide em cinco partes – mais de 100 quilómetros quadrados, entre 20 e 99, entre cinco e 19, menos de cinco e sem estimativa.

Além de Angola, entre os países e territórios com mais de 100 quilómetros quadrados por desminar figuram o Afeganistão, Azerbaijão, Bósnia-Herzegovina, Camboja, Chade, Croácia, Iraque, Tailândia, Turquia e Saara Ocidental.

Num relatório em que Moçambique é referenciado como “livre de minas”, declaração que foi oficializada em setembro deste ano, e em que o Brasil, Cabo Verde, Guiné Equatorial, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste apenas surgem como países signatários do Tratado para a Eliminação das Minas Terrestres, Angola é o país lusófono com a situação mais preocupante.

Segundo o documento, em 2014, em Moçambique foram desminados os últimos 3,07 quilómetros quadrados de terreno minado e destruídas 45.681 minas terrestres, enquanto em Angola os números foram de 2,6 de terrenos e de 2.676 de engenhos explosivos do mesmo género.

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Neste capítulo, os dois países lusófonos estão entre os 10 com maior aérea desminada, atrás do Afeganistão (62,87 quilómetros quadrados), Camboja (54,38), Croácia (37,75), Argélia (6,4), Iraque (5,58), Azerbaijão (4,76), Moçambique, Sudão do Sul (2,62) e Angola.

Quanto ao número de vítimas mortais, não há qualquer registo no Brasil, Cabo Verde, Guiné Equatorial, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, mas Angola registou 11 mortos em 2014 (71 em 2013 e 34 em 2012), havendo indicação da existência de mortos por minas na Guiné-Bissau e Moçambique, embora não sejam quantificados.

Os três países lusófonos aparecem também numa lista em que são indicados os Estados com um “número significativo de sobreviventes a explosões de minas terrestres e que necessitam de assistência” médica.

A este propósito, e em referência a Angola, é indicado que metade das 18 províncias estará coberta por assistência médica e de próteses até ao final de 2015.

No relatório, a ICBL analisa a situação nos 162 países que assinaram os Tratado para a Eliminação das Minas.

Segundo o relatório, no “segundo escalão constam oito países – Argélia, Coreia do Sul, Eritreia, Iémen, Líbano, Sri Lanka, Sudão do Sul e Zimbabué -, enquanto no terceiro são sete – Arménia, Argentina, Chile, Reino Unido, Somalilândia, Sudão e Tajiquistão.

A presença da Argentina e do Reino Unido na lista deve-se, alerta-se no relatório, à disputa dos dois países sobre a soberania das Malvinas, para os argentinos, ou Falklands, para os britânicos, ilhas que ainda contêm minas.

Com menos de cinco quilómetros figuram sete países e duas regiões – Equador, Jordânia, Níger, Kosovo, Palestina, Peru, Senegal, Sérvia e República Democrática do Congo.