Arminda, “madre superiora” da Fraternidade Missionária de Cristo-Jovem, em Famalicão, abandonou a instituição esta terça-feira para “receber tratamento”. Ernesto Salgado, advogado da associação de fiéis de Requião, garantiu ao Observador que a irmã Arminda saiu por iniciativa própria e “está em casa de familiares a receber apoio psicológico”.

A “madre superiora”, o padre Joaquim Milheiro e outras duas fundadoras da fraternidade foram ouvidas na segunda-feira pelo Ministério Público de Famalicão na sequência de buscas realizadas à instituição pela Polícia Judiciária (PJ) do Porto, no dia 18 de novembro. Dos três crimes de que eram inicialmente suspeitos, persistiu apenas o de escravidão, punido com pena de prisão de cinco a 15 anos. Isto porque, “judicialmente, os três estão englobados no crime maior, o de escravidão”, explicou Ernesto Salgado.

Na audiência, os quatro arguidos optaram por não prestar declarações. “Neste momento é muito prematuro estarmos a falar do que quer que seja. Não temos acesso aos factos dos quais poderão surgir uma acusação. Por isso, optei por dizer — e isso ficou escrito em ata — que, por agora, não pretendiam prestar declarações”, esclareceu o advogado da Fraternidade Missionária de Cristo-Jovem. As três freiras e o padre ficaram sujeitos a termo de identidade e residência.

Apesar das declarações prestadas ao Observador, em entrevista à TVI esta sexta-feira, Ernesto Salgado anunciou que Arminda pretende contar a sua versão dos factos ao Ministério Público. “Agora sim, depois de conhecer um pouco mais o que existe no processo, os crimes pelos quais vem indiciada e os factos que lhe foram relatados, a irmã Arminda entendeu que devia fazer um relatório junto do Ministério Público de Vila Nova de Famalicão para prestar as suas declarações“, disse o advogado ao canal de televisão.

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Noviças querem voltar para a instituição

Duas das noviças que se encontram atualmente fora da instituição pretendem regressar a Requião, disse ao Observador Ernesto Sarava. As jovens, Cristina e Margarida, foram retiradas da fraternidade pela PJ no dia das buscas, e encontram-se provisoriamente instaladas numa instituição no Porto. 

Contudo, segundo o advogado, têm mantido contacto com a irmã Isabel, uma das responsáveis pela associação de fiéis, e “demonstraram vontade de regressar”, uma vez que a irmã Arminda já não se encontra na instituição. Foi esta a razão avançada pelo advogado. Estas noviças não são as mesmas que apresentaram queixas de maus tratos e que haviam abandonado a Fraternidade entre 2014 e 2015.

Artigo atualizado às 13h35 com novas declarações do advogado Ernesto Salgado.