Diabetes, hipertensão arterial ou certos tipos de cancro são alguns dos problemas de saúde que podem ser facilmente diagnosticados com uma simples ida ao médico. Esta prática, que normalmente se designa por check-up, ajuda a detetar situações clínicas ainda numa fase inicial, melhorando as possibilidades de tratamento. Permite também que o médico dê orientações para que o doente desenvolva hábitos de vida saudável e previna o aparecimento de doenças evitáveis.

A avaliação regular do estado de saúde é importante, desde logo porque “nem sempre quando afirmamos que estamos bem de saúde isso é verdade”. Quem o diz é José Ramos Osório, especialista em Medicina Geral e Familiar e um dos médicos assistentes CUF no Hospital CUF Cascais. Nas suas palavras, “existem muitas patologias silenciosas que se manifestam apenas em situações agudas graves, ou muito evoluídas, por vezes até colocando em risco a vida”. Por isso, o clínico não tem dúvidas em recomendar: “Sem sermos hipocondríacos devemos dar alguma atenção ao nosso corpo e efetuar exames médicos de rotina.” Para tal, a articulação com o médico assistente é fundamental, já que em conjunto com este “deverão ser estabelecidos os exames auxiliares de diagnóstico necessários em cada etapa das nossas vidas e de acordo com o sexo, idade, antecedentes pessoais e familiares”. José Ramos Osório deixa claro que “não existem padrões preestabelecidos, mas antes devem ser ajustados individualmente”, o que é o mesmo que dizer que cada caso é um caso e a avaliação do estado de saúde é adaptada a cada pessoa.

Questionado sobre as principais situações de saúde que podem ser detetadas com este procedimento, o médico aponta as patologias que numa fase inicial não apresentam sintomas, dando como exemplo o cancro da mama ou cólon. Por passarem despercebidas inicialmente, “só um exame médico cuidado e complementado com exames auxiliares de diagnóstico escolhidos individualmente poderá levar a um diagnóstico atempado, ou seja, em tempo útil de tratamento”, esclarece.

Ao contrário do que muita gente pensa, a visita regular ao médico, mesmo quando tudo parece bem, deve ser feita por todas as pessoas sem exceção. “Todas as pessoas devem regularmente consultar o seu médico assistente e com ele desenhar um plano para a vida tendo em conta a idade, o sexo e os antecedentes familiares”, diz José Ramos Osório, salientando que “quem tem antecedentes pessoais ou familiares não deve descurar nem adiar etapas desse plano, que foi estabelecido pelo médico tendo em conta o seu historial”.

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O que se faz num check-up?

A avaliação regular do estado de saúde é algo muito simples, sem implicar exames complicados nem intervenções muito invasivas. “O check-up deve começar sempre por uma consulta médica e nesta etapa serão definidos os exames auxiliares de diagnóstico mais adequados à pessoa em questão”, esclarece o especialista. Ainda assim, há exames considerados padrão e que devem ser efetuados por um adulto jovem, nomeadamente, análises sanguíneas que incluam a glicemia (açúcar no sangue), o perfil lipídico (colesterol e triglicerídeos), função hepática e renal, bem como o PSA nos homens com mais de 50 anos, para avaliar o risco de cancro da próstata.

De acordo com José Ramos Osório, regularmente também deve ser efetuado um eletrocardiograma, uma radiografia do tórax e, no caso das mulheres, mamografia e ecografia mamária bem como ecografia pélvica. Ainda assim, o clínico frisa que “os exames a efetuar devem ser determinados pelo médico, pois são auxiliares de diagnóstico e como tal devem ajudar o médico a tomar decisões”.

Também a periodicidade do check-up irá ser adequada a cada situação, “mas os exames apontados como padrão geral devem ser efetuados anualmente a partir dos 45 anos, embora existam pessoas que devido à carga familiar e genética terão que começar a fazer mais cedo”, realça o clínico do Hospital CUF Cascais.

E desengane-se quem evita a realização de exames por recear os eventuais efeitos negativos dos mesmos. Segundo o médico, “os níveis de radiação dos atuais equipamentos são muito baixos e pouco nocivos para a saúde”. Mas mesmo assim, reforça que “estes exames só devem ser efetuados se necessários e se ajudarem em alguma coisa o clínico no seu diagnóstico”.

Sinais de alerta

Em vez de apresentar uma lista de sinais de alerta a que devemos estar atentos, José Ramos Osório prefere chamar a atenção para a relação que todos devemos manter com o nosso corpo: “Todos sabemos as nossas capacidade físicas e conhecemos melhor que ninguém o nosso corpo.” Nesse sentido, “se as mulheres se habituarem a fazer a palpação mamária mensalmente serão as primeiras a detetar qualquer sinal de alerta”, diz, aconselhando nesse caso a contactar de imediato o médico. A este propósito, lembra que “as mulheres habituadas a fazer sistematicamente a palpação das mamas são as principais responsáveis pelo diagnóstico precoce deste tipo de cancro, sendo que mais de 40% dos nódulos mamários são detetados pela própria mulher”.

A terminar, o especialista deixa um conselho: “Decidam sempre com a ajuda do médico assistente a realização do tipo de exames a efetuar. Será sempre mais útil um exame feito à medida do que um padronizado. Além disso, parem um pouco, observem e escutem os sinais do vosso corpo. Na dúvida falem com o vosso médico.”