O secretário-geral do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), Julião Mateus Paulo “Dino Matrosse”, disse, em entrevista à agência Lusa, esperar que o novo Governo socialista português “mantenha relações boas” entre os dois estados.

O dirigente angolano falava à margem da segunda reunião anual da Internacional Socialista, em Luanda, encontro em que a comitiva portuguesa do PS foi aplaudida pelos restantes representantes pela posse do novo Governo de Portugal, na quinta-feira.

“As nossas relações entre povos, estados, não podem ser perturbadas, seja qual for a situação. Seja quem vier, quem estiver lá em Portugal a dirigir, nós teremos sempre as melhores relações com o Estado, Governo ou com o povo português”, afirmou Julião Mateus Paulo “Dino Matrosse”.

O secretário-geral do MPLA, partido no poder em Angola desde 1975, sublinhou que as relações com o PS “nunca foram más”, apesar da ação de algumas “alas”, mas algo que “já pertence ao passado”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Nós não damos muita importância àquilo que dizem contra nós. O que nos queremos é que quem estiver em Portugal tenha e mantenha relações boas com Angola. Existem relações entre nós, até quase familiares”, insistiu o dirigente do MPLA.

Recordou que chegaram a estar a trabalhar em Angola, no pico da crise em Portugal, mais de 300.000 portugueses, sublinhando também por isso a necessidade de manter o nível de relacionamento bilateral.

“Que haja um ou outro a querer problemas com Angola, nós não ligámos muito. O que importa a Angola é manter as mesmas relações que tivemos desde a nossa independência com Portugal. Seja quem estiver lá no Governo, que mantenha as melhores relações connosco”, enfatizou.

Questionado sobre a preocupação que algumas figuras do regime angolano têm demonstrado, publicamente, com a possível influência do Bloco de Esquerda – crítico da liderança de José Eduardo dos Santos e que suporta o Governo socialista no parlamento português -, o secretário-geral do MPLA desvalorizou.

Julião Mateus Paulo “Dino Matrosse”, que é igualmente vice-presidente da Internacional Socialista, desafiou mesmo os dirigentes do Bloco de Esquerda a visitar Angola.

“Venham a Angola. Angola está aberta, não tem problema”, disse.