O bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, revelou este sábado, no Porto, ter “expectativas muito positivas” para a futura atuação do novo ministro da Saúde e elege a “reforma dos cuidados de saúde primários” como a principal preocupação.

“Há várias medidas urgentes, mas a primeira grande preocupação de qualquer ministro da Saúde terá que ser com a reforma dos cuidados de saúde primários. Todo o Sistema de Saúde estará desequilibrado enquanto houver cidadãos portugueses sem acesso a um médico de família. Essa deve ser a grande preocupação”, declarou hoje o bastonário da Ordem dos Médicos, à margem XVIII Congresso Nacional de Medicina, que termina hoje na cidade do Porto.

José Manuel da Silva reconheceu várias qualidades ao novo ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes. “Este ministro oferece-nos todas as expectativas positivas. É uma pessoa conhecida e reconhecida pela sua qualidade, pela sua formação, pela sua competência, pela sua experiência e pela sua capacidade de diálogo. Portanto, temos fundamentadamente expectativas muito positivas quanto aquilo que irá ser a sua atuação como ministro da Saúde, até porque é alguém que tem uma sensibilidade e uma preocupação especial para com a qualidade dos serviços de saúde e o Serviço Nacional de Saúde”.

A outra preocupação que o bastonário da Ordem dos Médicos destacou como urgente prende-se com uma aposta na “prevenção” para reduzir custos na Saúde. “É uma forma positiva e construtiva de reduzir os custos em Saúde”, declarou, lamentando que se tenham perdido “quatro anos de total ausência de aposta na prevenção” e dando o exemplo da diabetes.

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“Se pensarmos no exemplo da diabetes (…), a diabetes de adulto é praticamente uma doença totalmente previsível com um estilo de vida saudável, e gastando Portugal 1% do Produto Interno Bruto com a diabetes, é lamentável que não se tenha apostado na prevenção da diabetes e toda a constelação de fatores de risco que lhe estão associados, nos últimos quatro anos” e há vários meios de o fazer, é uma forma de reduzir os custos de forma inteligente e melhorando a qualidade de vida das pessoas”.

O XVIII Congresso Nacional de Medicina termina hoje no Porto e o enquadramento jurídico do ato médico “como um imperativo constitucional” e a necessidade de proteger o doente e combater a corrupção foram alguns dos temas em debate do encontro.

“A escolha do tema – “Ato médico – dos médicos, pelos doentes” – prende-se com a urgência em informar a sociedade civil e alertar os decisores políticos da necessidade de enquadrar juridicamente o ato médico, como imperativo constitucional”, defendeu Miguel Guimarães, presidente do Conselho Regional Norte da Ordem dos Médicos e presidente executivo do congresso, referindo que um dos principais objetivos do evento é recolocar na agenda política o “ato médico”.