José Maria Ricciardi, atual presidente da Haitong (ex-BESI), disse hoje que a transmissão de confiança e estabilidade política e económica é fundamental para atrair investimento estrangeiro para o país e pode ajudar a uma venda vantajosa do Novo Banco.

Após a sua intervenção na conferência “Financiamento para o crescimento” promovida pelo Fórum Empresarial do Algarve, Ricciardi defende que será mais fácil agora que a situação da empresa é mais clara.

“Agora já se sabem os valores de uma forma mais precisa, o que o Novo Banco precisa e é muito difícil vender seja o que for quando o comprador não sabe exatamente o que está em jogo, neste caso já sabe qual é o aumento do capital”, disse aos jornalistas.

Ricciardi disse não ter ficado surpreendido com os valores apresentados para a recapitalização do Novo Banco, na ordem de 1,4 mil milhões de euros, e acrescentou que o valor seria superior sem a venda do BESI.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Penso que o banco ainda tem a possibilidade de vender participações que não são estratégicas para conseguir descer essa necessidade para o futuro comprador”, observou.

Quanto à contratação de Sérgio Monteiro, ex- secretário de Estado das Obras Públicas, Transportes e Comunicações pelo Fundo de Resolução por 12 meses para a venda do Novo Banco, Ricciardi considera que a situação foi colocada de forma transparente, pelo que desvaloriza questões éticas.

Uma boa venda do Novo Banco é o objetivo que o presidente da Haitong (ex-BESI) espera que seja alcançada por Sérgio Monteiro.

Uma imagem que transmita confiança e estabilidade de Portugal é para Ricciardi um elemento fundamental para atrair o investimento externo numa altura em que a capacidade do investimento interno é limitada para dar uma nova dinâmica económica.

“Precisamos de investimento produtivo para haja mais desempregados que voltem a trabalhar”, disse quando questionado sobre a abordagem menos austera e de estímulo ao consumo que o novo Governo pretende implementar.

Ricciardi sublinhou que a adoção de formas artificiais de impulsionar o consumo podem ser prejudiciais e aumentar o endividamento e desequilíbrio das contas externas.

O Fórum Empresarial do Algarve arrancou esta sexta-feira com o tema “2020, Portugal e o mundo” e termina este domingo, dia 30 de novembro.