A União Europeia (UE) e a Turquia chegaram este domingo a acordo em Bruxelas, o que se traduz numa transferência “inicial” de três mil milhões de euros para ajudar Ancara a lidar com os milhões de refugiados que chegam da Síria. Concordaram também que é necessário “reenergizar” o processo de adesão.

O dinheiro servirá “para dar apoio eficiente e complementar” aos refugiados sírios, pode ler-se no comunicado publicado domingo à noite pela UE.

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, convocou esta reunião para decidir o que tem “de fazer na UE e na Turquia em primeiro lugar para fazer frente à crise migratória”, nomeadamente no que diz respeito à cooperação que tem como objetivo travar o fluxo dos refugiados para a Europa.

Mas o encontro bilateral teve uma dimensão mais ampla: a de “reenergizar” as relações com a Turquia para o seu “futuro comum”, ou seja, a adesão à UE, cujo processo começou em 1999. Para isso, ficou a promessa de mais diálogo “ao mais alto nível” e a realização de duas cimeiras por ano. Mas, na conferência de imprensa final, Tusk fez questão de esclarecer que o respeito pelos direitos humanos mantém-se como condição e não é negociável.

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Porque “a Turquia é um parceiro-chave na luta contra o terrorismo” e é necessária “melhor cooperação quando se trata da Síria, mas também quando se fala do Chipre”, numa referência à histórica disputa entre ambos os países, os dois parceiros vão ter “discussões e cooperação regulares em matéria de política externa e segurança”.

“Os dias recentes têm demonstrado quão importante é a cooperação no contexto geopolítico e estratégico”, assinalou Donald Tusk, defendendo que “o mais importante é a nossa responsabilidade e o nosso dever de proteger as nossas fronteiras externas”.

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker salientou que com este acordo “foi aberto “um novo capítulo” na relação com o país presidido por Erdogan, “baseado na confiança mútua”.

Recordou que a Turquia acolhe 2,5 milhões de refugiados e que a UE necessita de um acordo sobre “como travar o fluxo ao máximo” dessas pessoas para a Europa. A Turquia, acrescentou, deve proteger “ao máximo as suas fronteiras internas”, e a UE, pelo seu lado, deve “contribuir para o realojamento de sírios”. Mas alertou que os Estados-Membros não podem “subcontratar” o controlo das fronteiras externas.