O papa Francisco admitiu nesta segunda-feira que a aprovação do uso de preservativo no combate à sida é uma “questão moralmente complicada”, mas defendeu que o mundo enfrenta problemas maiores.

Na véspera do Dia Mundial da Luta contra a Sida, o papa foi questionado, a bordo do avião que o levava de volta a Roma, após uma visita a África, onde o vírus da sida continua a ser uma das principais causas de morte, sobre a controversa oposição que a igreja católica tem mantido em relação ao uso de preservativo no combate à doença, admitindo perante os jornalistas que a questão “é moralmente complicada para a Igreja”, mas recusou iniciar um debate sobre o tema.

A Igreja Católica tem persistentemente defendido que a melhor forma de combate à sida é a abstinência sexual.

A agência noticiosa France Presse relata que o papa admitiu, de forma contrariada, que o preservativo “é um dos métodos” que pode prevenir o alastramento do vírus, e, consequentemente, da doença, mas não ficou satisfeito por o tema ter sido levantado. “Quando as pessoas estão a morrer de sede e de fome (…), a sua questão parece demasiado limitada”, disse o papa ao jornalista que o questionou sobre aquele tópico.

O papa defendeu que “o problema é mais vasto do que isso”, enumerando a fome, o trabalho escravo, a falta de água potável e o tráfico de armas como exemplos.

O antecessor de Francisco, o agora papa emérito Bento XVI, numa visita aos Camarões e a Angola em 2009, foi duramente criticado por ter recusado qualquer cedência da igreja na questão do uso do preservativo, mas um ano mais tarde acabaria por publicar um livro onde revelava uma ligeira abertura a uma mudança de posição, admitindo que o uso de preservativo se poderia justificar em alguns casos, ainda que não fosse “uma solução moral” para o problema.

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