O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse hoje esperar uma mudança gradual na estratégia da Rússia na Síria, à medida que for sendo confrontada com o custo de manter Bashar al-Assad no poder.

“Penso que é possível que ao longo dos próximos meses vejamos uma mudança tanto nos cálculos dos russos como num reconhecimento de que é altura de pôr termo à guerra civil na Síria”, disse Obama à margem da Cimeira do Clima em Paris.

“Não vai ser fácil. Já foi derramado demasiado sangue”, disse, acrescentando que a Rússia investiu anos na manutenção do regime de Assad.

Mas, prosseguiu, o atentado do grupo extremista Estado Islâmico contra um avião de passageiros russo, em novembro no Egito, e o abate pela Turquia de um avião militar russo, na semana passada na Síria, vão alterar gradualmente a perceção do presidente russo, Vladimir Putin.

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“Penso que Putin compreende, com o Afeganistão fresco na memória, que o resultado que ele pretende não é atolar-se num conflito civil inconclusivo e paralisante”, disse Obama, referindo-se ao conflito dos anos 1980 no Afeganistão.

O presidente norte-americano admitiu as acentuadas diferenças que persistem entre os atores internacionais quanto ao futuro de Bashar al-Assad, mas considerou que a Rússia acabará por concordar que o presidente sírio tem de abandonar o poder.

“Considero que alguém que mata centenas de milhares do seu próprio povo não é legítimo”, disse, referindo-se a Assad.

“Mas independentemente de considerações morais, em termos práticos é impossível a Assad voltar a unir o país e juntar todas as partes num governo inclusivo”, acrescentou.

Segundo Obama, o próximo passo nos esforços diplomáticos é incluir nas conversações de Viena os grupos da oposição síria moderada: “Com alguns deles, francamente, não temos muito em comum, mas representam fações importantes dentro da Síria”.

“A Rússia vai acabar por reconhecer que a ameaça que o ISIL representa para si, para o seu povo, é a mais significativa e que precisa de se colocar ao lado dos que, como nós, combatem o ISIL”, disse, utilizando uma das designações alternativas do grupo extremista Estado Islâmico.