Em 1984, as forças canadianas chegaram à ilha de Hans – geograficamente próxima à Gronelândia, a este dos Estados Unidos da América – e içaram uma bandeira do Canadá. Ao lado da folha de acer vermelha, colocaram uma garrafa de whisky. Uma semana depois, a Dinamarca navegou até Hans. Retirou a bandeira do Canadá, colocou uma garrafa de uma aguardente com 32 graus de álcool no lugar do whisky e deixou um bilhete. “Bem-vindos à Dinamarca”. E desde então a tensão entre os dois países aumentaram.

O que tem de tão extraordinário a ilha de Hans para ser disputada por dois países com as dimensões económicas da Dinamarca e do Canadá? Quase nada. Hans não tem mais que uma estação meteorológica. Nem sequer tem população ou recursos naturais e está muito longe da civilização, conta a BBC.

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Ilha de Hans. Legenda: Wikimedia Commons

Há outras ilhas inóspitas do mundo igualmente disputadas. North Rock, que está entre o estado norte-americano de Maine e do Canadá, tem pedras e focas. E nem um, nem outro país chegaram alguma vez a um acordo sobre a quem pertence este pedaço de terra. A disputa continua.

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North Rock. Legenda: Wikimedia Commons

Se saírmos do Ocidente e partirmos para a Ásia encontramos Liancourt. É um pequeno arquipélago que está sob controlo da Coreia do Sul desde o início dos anos 50, mas que o Japão não quer deixar escapar.

Em África também existem disputas destas: Migingo, no lago Vitória, entre o Uganda, a Tanzânia e o Quénia, é um desses casos. Em 2004, este último país veio dizer que a polícia do Uganda içou por lá uma bandeira. A discussão instalou-se deste essa altura, com um e outro país a reclamarem direitos de pesca.

Há territórios maiores, com nome mas sem dono, que também estão no centro de disputas. O mar do Sul, geograficamente junto à China, é um dos exemplos de terra de ninguém (ou de todos) que os chineses, os vietnamitas, os taiwaneses e os filipinos disputam.

Porque é que as nações lutam por territórios que parecem inóspitos? Jonathan Eyal, diretor dos Estudos de Segurança Internacional do Royal United Services Institute (Londres), explicou à BBC que as questões de soberania nestas terras são importantes para os direitos de pesca exclusiva ou para a exploração de recursos naturais que possam existir, como petróleo ou gás.