A investigação conduzida pelas autoridades suíças e liderada pelos Estados Unidos iniciaram outra onda de detenções na Suíça na sequência do escândalo de corrupção que abalou a FIFA.

Agora, segundo informaram as mesmas autoridades suíças e como noticiado no New York Times, foram detidos mais funcionários do órgão máximo que tutela o futebol mundial que vão ser ouvidos durante o dia desta quinta-feira para depois serem extraditados para os Estados Unidos.

Pelo menos uma das detenções foi realizada no hotel Baur au Lac em Zurique, o mesmo local onde um grupo de representantes da mesma instituição foi colocado sob custódia, no passado mês de maio, por suspeitas de corrupção.

O New York Times conta que as autoridades judiciais da Suíça confirmaram que os detidos são suspeitos de aceitarem subornos de milhões de dólares pela venda de direitos publicitários em torneios de futebol na América Latina, bem como em jogos de qualificação para Campeonatos do Mundo. Ou seja, os principais alvos desta nova fase da investigação foram atuais e antigos funcionários sob suspeitas que incluem extorsão, lavagem de dinheiro e fraude. Os representantes da América do Sul e Central podem ser os principais afetados com esta nova vaga de detenções.

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Os detidos a serem conduzidos pelas autoridades num hotel em Zurique. PASCAL MORA/THE NEW YORK TIMES

Citando fontes ligadas à investigação, o New York Times refere que entre os detidos estão Alfredo Hawit das Honduras e Ángel Napout do Paraguai. Hawit é o presidente da Concacaf, a confederação regional que engloba a América do Norte e Central e as Caraíbas. Napout, por sua vez, é o presidente da Conmebol, a confederação que tutela o futebol sul-americano. Os dois são vice-presidentes da FIFA e membros do comité executiva da instituição.

Segundo as mesmas fontes, muitos destes crimes podem ter sido orquestrados e preparados em solo americano, com pagamentos feitos através de bancos dos Estados Unidos. Ainda hoje podem ser divulgados, pela polícia, os nomes dos visados das detenções desta quinta-feira.

Entretanto, a FIFA já reagiu a estes novos desenvolvimentos. Num curto comunicado, a organização refere apenas que vai “continuar a cooperar plenamente com a investigação dos Estados Unidos” e que “não fará mais nenhum cometário adicional”.

Também o Ministério da Justiça da Suiça já confirmou, em comunicado, a operação: “Os dirigentes de alto nível da FIFA receberam alegadamente dinheiro em troca da venda de direitos de comercialização relacionados com torneios de futebol na América Latina, bem como dos jogos para as qualificações do Mundial”.

O ministério confirmou assim novas detenções, mas apenas fez referência a dois casos que tiveram por base “pedidos de detenção apresentados pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos a 29 de novembro de 2015”. Os dois “são suspeitos de terem recebido subornos”, disse o ministério.

“De acordo com os pedidos de detenção dos Estados Unidos, são suspeitos de terem aceitado subornos de milhões de dólares (…) Alguns dos crimes foram acordados e preparados nos Estados Unidos. Os pagamentos também foram processados através de bancos norte-americanos”, indica o comunicado.

A FIFA foi abalada por um escândalo de corrupção em maio, a dois dias da reeleição de Joseph Blatter como presidente do organismo máximo do futebol mundial, num processo aberto pela justiça dos Estados Unidos e que levou à acusação de 14 dirigentes e ex-dirigentes.

No início de junho, Blatter apresentou a demissão, abrindo o caminho para novas eleições, que foram marcadas para 26 de fevereiro de 2016.

A 25 de setembro, o Ministério Público suíço instaurou um processo criminal a Blatter, que foi interrogado na qualidade de arguido, por suspeita de gestão danosa, apropriação indevida de fundos e abuso de confiança.

A 08 de outubro, Blatter, o secretário-geral da FIFA, o francês Jérôme Valcke, e o presidente da UEFA, o também francês Michel Platini, foram suspensos provisoriamente por 90 dias pelo Comité de Ética da FIFA, por implicação no escândalo de corrupção que atingiu a instituição.

Na base das suspensões estão os inquéritos que decorrem no próprio órgão da FIFA, ainda que vários outros responsáveis do organismo mundial estejam também a ser investigados pelas autoridades suíças e norte-americanas.