Tomás Correia voltou a ganhar as eleições para liderar a associação mutualista Montepio. Segundo dados divulgados esta quinta-feira à noite, e que juntam os votos recolhidos para todos os órgãos sociais, a lista A conseguiu cerca de 59%.

Em segundo lugar, ficou a lista D, liderada por António Godinho Ribeiro, e da qual fazem parte também João Proença e Bagão Félix, com cerca de 21,5%, e em terceiro a lista C, liderada pelo economista Eugénio Rosa, com 16,3%. A lista E, liderada pelo presidente da União de Misericórdias, Luís Alberto Silva, obteve 3,5%. A lista B, que concorreu apenas ao conselho geral, terá tido cerca de 6% dos votos.

O anúncio dos resultados foi feito no encerramento da assembleia-geral que se iniciou ontem para a escolha da nova equipa de dirigentes do Montepio para o período de 2016/18.

Tomás Correia aproveitou a ocasião para criticar os ataques vindos da oposição que, do seu ponto de vista, “mais não fizeram do que prejudicar o Montepio, criar dificuldades à sua imagem, à sua reputação”.

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Para o presidente da associação, “tudo o que se passou desde Agosto 2014 (referência que abrange notícias sobre operações suspeitas sob investigação do Banco de Portugal) integrava já combate eleitoral. Não foi um combate leal ao Montepio, o Montepio, como instituição de 175 anos, deve merecer o respeito de todos”, afirmou Tomás Correia, discursando perante associados do Montepio em Lisboa.

Para Tomás Correia, os resultados conhecidos esta quinta-feira provam que “não é com maledicência, atacando a instituição, que se ganham eleições”.

De acordo com os dados obtidos pelo Observador, o número de votos caiu substancialmente em relação ao último ato eleitoral realizado em 2012, quando votaram mais de 70 mil associados. Apesar de um número recorde de listas e candidatos, e do grande mediatismo das eleições, foram contabilizados pouco mais de 52 mil votos, ou seja, uma queda da ordem dos 30%.

A associação mutualista que é dona da caixa económica Montepio terá mais de 600 mil associados, dos quais mais de 400 mil têm direito a voto.

Para a queda na participação são avançadas duas explicações. Em primeiro lugar, a redução em cerca de uma semana do período para votar por correspondência. Em segundo lugar, uma alteração na política de distribuição dos correios que em alguns casos deixou de ser diária. O volume do material que seguiu por carta para os associados, com cinco programas eleitorais, também terá perturbado a distribuição.

As eleições foram disputadas por cinco listas, da quais quatro candidatas ao conselho de administração da associação que é dona da caixa económica. O ato eleitoral foi marcado por atrasos na contagem dos votos e por denúncias de fraude por parte de uma das listas, a D, liderada por António Godinho Ribeiro, que chegou a chamar a PSP por causa de um lote de cerca de 300 votos por correspondência considerados suspeitos.

O período da campanha foi assinalado por acusações de discriminação no acesso aos eleitores, os associados do Montepio, por parte das listas que se opunham à atual administração da associação cujo presidente, António Tomás Correia, acabou por ganhar um novo mandato.

O gestor, que foi presidente da caixa económica até agosto, quando o Montepio teve de autonomizar a gestão do banco dos órgãos dirigentes da associação que é acionista, por indicação do Banco de Portugal. Tomás Correia está na gestão do Montepio desde 2003, tendo chegado à presidência em 2008.