O Partido dos Trabalhadores (PT), da Presidente brasileira, Dilma Rousseff, anunciou a sua intenção de pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) a anulação do pedido de afastamento da chefe do executivo lançado na quarta-feira, por alegadamente mascarar as contas públicas.

“Estamos a estudar uma série de medidas para impedir a continuidade do processo”, disse à agência de notícias AFP o deputado Paulo Pimenta, membro do Partido dos Trabalhadores.

O partido da Presidente vai denunciar ao STF o “abuso de poder” do líder da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que na quarta-feira usou a sua prerrogativa constitucional para aprovar a abertura do processo de destituição de Dilma Rousseff.

Feroz opositor da Presidente, Cunha responde a um processo disciplinar na comissão de ética da Câmara dos Deputados que lhe poderá custar o mandato e a imunidade por suposto envolvimento no escândalo da Petrobras, sendo acusado de corrupção e branqueamento de capitais.

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Segundo o deputado Pimenta, Eduardo Cunha — quarto elemento na hierárquica governamental — está a manipular “a estrutura do poder legislativo para se defender”.

A Presidente disse, na quarta-feira à noite, num breve discurso à nação, que Eduardo Cunha serviu-se de uma ferramenta constitucional para proteger os seus próprios interesses, no mesmo dia em que o PT anunciou que iria apoiar a continuação de um processo disciplinar contra o líder da Câmara dos Deputados.

“Não há nenhuma chantagem. Eu desempenhei o meu papel constitucional”, disse Cunha aos jornalistas, referindo ainda que a Presidente “faria melhor em responder sobre factos concretos” sobre os quais é acusada.

Este deputado evangélico ultraconservador deve oficializar durante o dia de hoje o lançamento do processo de afastamento (impeachment) que anunciou na quarta-feira aos jornalistas.

Eduardo Cunha afirmou hoje também que a Presidente Dilma Rousseff “mentiu” ao afirmar que não pratica troca de favores políticos, durante o discurso sobre o pedido de destituição de que é alvo.

A declaração de Cunha é uma reação em forma de ataque ao discurso de Rousseff na quarta-feira, afirmando que são “inconsistentes e improcedentes” as razões do pedido de impugnação do seu mandato.

A não ser que seja bloqueado pela justiça, este processo de afastamento terá um longo percurso e o resultado é incerto, sendo possível paralisar durante meses o Brasil e piorar a recessão económica que atinge o país.