O Presidente turco, o islâmico-conservador Recep Tayyip Erdogan, afirmou, esta quinta-feira, ter provas do envolvimento da Rússia no tráfico de petróleo do grupo extremista Estado Islâmico, na Síria.

“Temos provas. Vamos começar a revelá-las ao mundo”, disse o governante durante uma intervenção diante de sindicalistas na capital turca, Ancara.

O líder mencionou o nome de um empresário sírio, George Haswani, “titular de um passaporte russo”, que beneficia, segundo Erdogan, das vendas do crude extraído pelos ‘jihadistas’ dos poços que controlam na Síria e no Iraque.

A par de sanções impostas pela União Europeia (UE), o empresário George Haswani foi visado recentemente por sanções financeiras dos Estados Unidos.

O empresário sírio é acusado por Bruxelas e Washington de comprar petróleo ao EI em nome do regime do Presidente sírio, Bashar al-Assad.

Na mesma intervenção, Erdogan considerou imorais as declarações feitas pela Rússia, que acusou diretamente o Presidente turco e a sua família de lucrarem com o contrabando do petróleo roubado pelo EI na Síria.

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“A Rússia é obrigada a provar essas alegações (…) aquelas que implicam a minha família são de natureza imoral”, reforçou o governante.

Acrescentou que “a Rússia tem de provar que a república turca compra petróleo do Daesh [acrónimo árabe do grupo Estado Islâmico]”, caso contrário, trata-se de uma calúnia.

O vice-ministro russo da Defesa, Anatoli Antonov, afirmou na quarta-feira, em declarações à comunicação social, que “a classe política dirigente [turca], incluindo o Presidente Erdogan e a sua família, está implicada no comércio ilegal” de petróleo com os ‘jihadistas’.

Anatoli Antonov referiu-se em particular ao genro de Erdogan, Berat Albayrak, de 37 anos, recentemente nomeado ministro da Energia e que durante muitos anos dirigiu o grupo Calik Holding (especializado em energia), e a um dos filhos do Presidente, Bilal, líder de um grupo especializado em obras públicas e transporte marítimo.

A Turquia e a Rússia estão envolvidas numa guerra de palavras desde o abate de um avião militar russo pelas forças aéreas turcas na fronteira síria, no passado dia 24 de novembro.

Apesar do clima de tensão, os ministros dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, e turco, Mevlut Cavusoglu, devem encontrar-se hoje em Belgrado (Sérvia), à margem de uma reunião ministerial da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE). Será o seu primeiro encontro desde o início da crise.