Mais de mil rabinos assinaram uma carta aberta em defesa do acolhimento de refugiados nos EUA, que dirigiram aos congressistas, em plena polémica sobre o assunto.

“Desde a sua criação que os EUA têm oferecido refúgio e proteção às populações mais vulneráveis do mundo”, escreveram os chefes religiosos na carta, divulgada no sítio na Internet da Sociedade de Ajuda ao Imigrante Hebreu (HIAS, na sigla em Inglês), uma organização de ajuda aos refugiados de confissão judaica.

“Estamos alarmados por ver tantos políticos declararem a sua oposição ao acolhimento dos refugiados”, acrescentaram.

Depois dos atentados de Paris, a questão dos refugiados sírios tornou-se uma questão política nos EUA, em plena campanha para a eleição presidencial. Os republicanos estão determinados em inviabilizarem o compromisso do Presidente Barack Obama de acolher 10 mil refugiados em 2016.

Vários candidatos nas eleições primárias republicanas têm expressado oposição à entrada de refugiados sírios em território norte-americano, alegando que venha entre eles algum combatente de organizações extremistas e cometa um atentado.

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“Citam os ataques terríveis do mês anterior em Paris e Beirute para justificar o acolhimento de pessoas que são elas próprias vítimas do terrorismo”, lembram os rabinos no seu texto. “Através destes comentários, vemos, como responsáveis do culto judaico, repetir-se um dos momentos mais sombrios da nossa história”, adiantaram.

Os rabinos aludiram assim ao episódio do St. Louis, um navio saído de Hamburgo para Cuba em maio de 1939, com 937 passageiros a bordo, judeu8s na sua quase totalidade. Depois de apenas um punhado de passageiros ter sido autorizado a desembarcar em Cuba, o navio tentou desembarcar os outros nos EUA, no que foi impedido pelas autoridades, tendo sido obrigado a regressar à Europa. Dos seus passageiros, 254 vieram a morrer durante a guerra, vítimas da política nazi de exterminação dos judeus, segundo a informação disponibilizada no sítio do memorial norte-americano do Holocausto.

“Em 1939, o nosso país não distinguiu um verdadeiro inimigo das vítimas desse inimigo”, sublinharam na carta, terminando com o apelo: “Em 2015, não repitamos o mesmo erro”.