A injeção de divisas nos bancos comerciais angolanos caiu a pique na primeira semana de dezembro para 113 milhões de dólares, menos cerca de 66%, e sobretudo para garantir a importação de medicamentos.

A informação consta do relatório semanal do banco central angolano sobre a evolução dos mercados monetário e cambial, ao qual a Lusa teve acesso, relativamente à venda de divisas entre 30 de novembro e 04 de dezembro, realizada a uma taxa interbancária média de 135,9 kwanzas (93 cêntimos de euro), inalterada há dois meses.

Neste período, o Banco Nacional de Angola (BNA) vendeu 113 milhões de dólares (104 milhões de euros) de divisas, valor que compara com os 336,4 milhões de dólares (311 milhões de euros) injetados na semana anterior.

Trata-se de uma quebra de 66,4% no espaço de uma semana, numa altura já de forte redução da disponibilidade aos clientes da moeda estrangeira, sendo o montante vendido aos bancos limitado às necessidades mais urgentes do sistema bancário e que obrigam a autorização do banco central.

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“Este volume de divisas destinou-se fundamentalmente à cobertura de operações de natureza prioritária”, refere o BNA, na mesma informação do BNA, tal como vem sucedendo nas últimas semanas.

Angola enfrenta uma crise financeira e económica face à redução de receitas fiscais com o petróleo, e por consequência cambial, devido à redução da entrada de divisas no país, necessárias para garantir as importações de máquinas, matéria-prima e alimentos.

Alguns bancos angolanos limitaram, entretanto, a venda de divisas a clientes a um máximo de 1.000 dólares (924 euros) por semana e bancos norte-americanos têm vindo a anunciar a suspensão de venda de dólares a Angola.

Do total de divisas vendidas à banca, 34,6 milhões de dólares (32 milhões de euros) destinaram-se a pagar a importação de medicamentos e produtos hospitalares, 12,8 milhões de dólares (11,8 milhões de euros) para envio ao estrangeiro no âmbito de ajuda familiar, saúde e educação e 12,5 milhões de dólares (11,5 milhões de euros) para operações de viagens e remessas de dinheiro ao exterior do país.

Atualmente, e tal como nos últimos meses, mantêm-se as dificuldades no acesso a moeda estrangeira nos bancos, com o mercado paralelo, de rua, a apresentar taxas de câmbio a disparar para cerca de 270 kwanzas por cada dólar, para compra de moeda estrangeira.

A falta de divisas, em função da procura, continua a dificultar, por exemplo, as necessidades dos cidadãos que precisam de fazer transferências para o pagamento de serviços médicos ou de educação no exterior do país ou que viajam para o estrangeiro.