As Nações Unidas pediram o montante recorde de 20.100 milhões de dólares – o maior alguma vez pedido pela organização – para responder às necessidades de 88 milhões de pessoas afetadas por várias crises.

Estes 88 milhões são os mais vulneráveis e marginalizados dos 125 milhões de seres humanos que precisam de assistência humanitária para sobreviver.

O montantes de 20.100 milhões de dólares (cerca de 19 mil milhões de euros) representa cinco vezes o que a ONU pedia há uma década, e demonstra não só a multiplicação de conflitos, desastres e crises no mundo, mas o número sem precedentes de pessoas afetadas.

Atualmente, 60 milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas e sobrevivem como refugiados ou deslocados internos, o maior número desde a Segunda Guerra Mundial.

Os fundos pedidos vão ser distribuídos por 37 países afetados por 27 crises: Afeganistão, Birmânia (Myanmar) Burkina Faso, Camarões, Chade, Jibuti, Etiópia, Gâmbia, Guatemala, Haiti, Honduras, Iémen, Iraque, Líbia, Mali, Mauritânia, Níger, Nigéria, Palestina, República Centro-Africana, República Democrática do Congo (RDCongo), Senegal, Somália, Sudão do Sul, Síria e Ucrânia.

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As crises no Burundi, Iémen, Nigéria, República Centro-Africana, Sudão do Sul e Síria são regionais e afetam os países vizinhos, por isso o número total de nações incluídas no plano é superior a 37.

De todas, a crise que requer mais fundos é, uma vez mais, a Síria: 3.200 milhões de dólares para a assistência no interior do país, e 4.800 milhões para ajuda humanitária nas nações vizinhas (Egito, Iraque, Jordânia, Líbano e Turquia), onde residem mais de quatro milhões de refugiados sírios.

Em 2015, a ONU pediu 2.900 milhões de dólares para a Síria, tendo conseguido apenas 1.200. Para a resposta regional, foram pedidos 4.500 milhões e obtidos 2.400.

A segunda crise é a do Sudão do Sul, com 1.300 milhões pedidos para responder às necesidades do país e 600 milhões para ajudar os refugiados sul-sudaneses em outros países.

Para o Iémen, a ONU pediu 1.600 milhões para a resposta no país, onde 80% da população precisa de assistência para sobreviver, e 94 milhões para a assistência regional.

Seguem-se a Etiópia, com mil milhões, e o Iraque com 861 milhões de dólares.

Este pedido de fundos inclui a Guatemala e as Honduras, cujas necessidades duplicaram relativemente ao corrente ano, devido aos efeitos negativos do fenómeno meteorológico ‘El Niño’, junto de populações que vivem em situações muito vulneráveis.

A ONU pediu 45,9 milhões de dólares para as Honduras (contra 13,2 em 2015) e 55,7 milhões para a Guatemala (23,8 em 2015).

Para responder a todas as crises no corrente ano, a ONU pediu 19.900 milhões de dólares, mas até à data, só conseguiu 9.700, o que representa apenas 49% do pedido.

Se não se verificarem alterações, as agências humanitárias vão terminar o ano com um défice de financiamento de 10.200 milhões de dólares, o maior até à data.