Investidor e fundador de várias startups, Paul Singh foi um dos sócios da 500 Startups, o fundo de investimento de capital de risco de Silicon Valley que junta dinheiro a um programa de aceleração. Aos empreendedores presentes no Mercado da Ribeira, na sexta-feira, Paul Singh – que também é consultor do gabinete de ciência e política tecnológica da Casa Branca – disse que é preciso “aprender a comunicar e a inspirar as pessoas” e que esse era o melhor conselho que lhes poderia deixar.

“Hoje, tudo está online. Já não precisas de estar em Silicon Valley para teres sucesso. Podes consegui-lo a partir daqui. Tens é de te focar na tração. Estão aqui presentes 300 pessoas, que só estão aqui por causa da ascenção da internet. E todos os mercados que estejam sobrelotados têm de se manter focados na tração”; disse Paul Singh.

No evento que a associação para a promoção do empreendedorismo, Beta-i, organizou para mostrar as startups que resultaram dos programas de aceleração Lisbon Challenge e Beta-start, Paul Singh aproveitou para lembrar que “a tecnologia é o principal motor do crescimento” económico. E que esperava que os membros da comunidade local soubessem disso. “Porque à medida que perceberem isso, não só mudam a sua vida, como inspiram a próxima geração de empreendedores. E isso é poderoso”, referiu.

Com uma breve passagem pelo “lado negro do empreendedorismo tecnológico”, Paul Singh explicou que este tipo de startups está a ficar “cada vez mais pequena”, porque apesar de influenciarem a vida de muitos utilizadores e de fazerem muito dinheiro, não é preciso escalá-las em número de pessoas.

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“As empresas tecnológicas nunca vão ter a maioria de empregos gerados. Mas as investigações na área mostram-nos que por casa empresa tecnológico que é craido, nascem mais quatro setores de serviços nas proximidades”, referiu.

E se é importante comunicar e inspirar as pessoas, também é importante que essas palavras sejam reconhecidas. O empreendedor – que fundou a Disruption Corporation em abril de 2013 e vendeu-a à 1776 em abril de 2015 – referiu que, hoje, há cerca de 2 mil milhões de pessoas que estão online. E que “um dos maiores poderes da internet é que tornou possível construir negócios sem que seja preciso estar perto dos consumidores”.

“O número de subscrições móveis equipara agora ao número de indivíduos do planeta. É fascinante. Estas condições são únicas para os empreendedores desenvolverem negócios muito lucrativos em qualquer lado. Lisboa, Berlim, etc”, afirmou.

Para Paul Singh, é o salário dos trabalhadores do setor tecnológico que determina o salário da maioria das pessoas nessa cidade. “O que acontece na comunidade tecnológica de Lisboa vai acabar por determinar o salário da maioria das pessoas que trabalha em Lisboa. Faz sentido? Para os agentes da economia, os empreendedores presentes nesta sala não são um efeito do desenvolvimento da economia, são a causa. E quanto mais apoiarem os empreendedores, mais probabilidades têm que apareça uma empresa maior ou que tenha sucesso. E isso aumenta o círculo”, referiu.

Paul Singh falou momentos antes de a Beta-i ter apresentado uma “nova identidade”. O líder Pedro Rocha Vieira explicou que era preciso encarar um mercado que se redefine todos os dias se redefine, que está em permanente mutação com um rebranding da marca. Em parceria com a Ogilvy Design, quis relançar a Beta-i, “reafirmando os valores que estiveram na origem da fundação da Beta-i, reinventando a sua proposta de valor, gerando novos conteúdos, fluidez da abordagem, agregação de sub-comunidades de empreendedores, ou integrando o físico e o virtual”. O mote está lançado: “Ready when you are” (Estamos prontos, quando tu também estiveres).