Hoje a eleição da Time chama-se “Figura do Ano” mas nem sempre foi assim. Antes, a lista das pessoas mais relevantes do ano tinha como título “Homem do Ano”. Quando era uma mulher, o título mudava para “Mulher do Ano”. Em 1999, depois de três mulheres eleitas como “Figura do Ano”, a revista decidiu tirar o género ao nome da eleição.

Esta eleição arrancou em 1927 e Merkel é a quarta mulher a receber o título. Antes da chanceler alemã, a última mulher foi Corazon Aquino, ex-presidente das Filipinas, em 1986. Foram 29 anos de protagonismo exclusivamente masculino — e aqui falamos de mulheres a título individual, já que, por exemplo em 2014, os guerreiros do Ébola foram eleitos “Figura do Ano”. E dentro destes “guerreiros” havia, claro, mulheres.

As contas são feitas pela própria Time. A falta de paridade também é visível, por exemplo, na lista de nomeados deste ano. Em oito figuras, só há duas mulheres: a própria Angela Merkel e Caitlyn Jenner, a mulher transgénero mais conhecida no mundo.

Eis as quatro mulheres distinguidas pela revista

1936 —  Wallis Warfield Simpson

Wallis Simpson woman of the year

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Wallis Warfield Simpson foi eleita a Mulher do Ano em 1936. A americana, uma socialite, já tinha sido casada duas vezes e foi a responsável pela abdicação de um rei ao trono de Inglaterra,  Eduardo VIII. Como o pai, George V, tinha morrido, Eduardo VIII herdaria o trono. Mas a paixão por Wallis fê-lo abdicar, já que a Igreja de Inglaterra e os conselheiros do reinado decidiram que o novo rei não podia casar com uma mulher que era divorciada e tinha os dois ex-maridos vivos.

Este período ficou conhecido como “crise de abdicação” e gerou grande polémica. A responsável pela crise na monarquia inglesa foi então eleita a “Figura do Ano”. Ela e o marido tornaram-se Duque e Duquesa de Windsor. Wallis é também autora da frase: “Uma mulher nunca é demasiado magra nem demasiado rica”.

1952 – Rainha Elizabeth II

queen elizabeth time

Elizabeth era a filha mais velha do duque e da duquesa de York. Nasceu em 1926 e, na altura, era “muito improvável” que se tornasse rainha de Inglaterra. Mas a abdicação do tio Edward, Príncipe de Gales, em 1936, mudou tudo. O pai, George VI, morreu em 1952 (no pós guerra), e o país recebeu a rainha Elizabeth.

A sucessão ao trono levou a Time a escolhê-la como a protagonista do ano. Para a revista, Elizabeth foi como “uma flor jovem e fresca que nasceu em raízes que resistiram a uma temporada de dúvida infernal. Os britânicos, sem ânimo e desencorajados como o resto do mundo em 1952, viram na nova Rainha uma lembrança do passado glorioso… e queriam acreditar que ela representava um grande futuro”, escreve a Time.

1986 — Corazon Aquino

corazon aquino time

Corazon Aquino foi a primeira presidente mulher das Filipinas. O facto levou-a a ser eleita “Mulher do Ano” pela Time. No início, poucos acreditavam na candidata que acabou por vencer. Diz a revista que Aquino “liderou uma revolução de conto de fadas e surpreendeu o mundo com a sua força”.

“Aconteça o que acontecer, (…) Aquino já ressuscitou o sentido de identidade e de orgulho no país”, escreveu a publicação. Aquino permaneceu no lugar durante seus anos.

2015 — Angela Merkel

angela merkel time magazine

Este ano, o nº1 pertence à líder da Alemanha, considerada como “a Líder mais poderosa da Europa” e a “Chanceler do Mundo Livre”. Merkel é elogiada pela atitude que tomou durante a crise dos refugiados: a abertura das fronteiras da Alemanha, a “firmeza contra a tirania”, e a “forte liderança moral” demonstrada.