Vai recandidatar-se à liderança do PSD nas diretas de 5 de março e garante que será candidato a primeiro-ministro durante o tempo em que estiver como líder “do maior partido da oposição”. Numa entrevista ao jornal Público, divulgada este sábado, Pedro Passos Coelho não arrisca prever quanto vai durar o atual executivo do PS, mas pisca o olho a eleições antecipadas assegurando que continua a ser candidato a primeiro-ministro.

“Anunciei a minha recandidatura à liderança do PSD e essa recandidatura, se for bem-sucedida, terá um mandato de dois anos, é esse o mandato dos órgãos internos do PSD. Por isso, sim, vejo-me nos próximos dois anos como líder do maior partido da oposição e nessa medida como candidato a primeiro-ministro”, disse, na primeira entrevista depois das eleições de 4 de outubro.

As eleições diretas que o irão presumivelmente reconduzir como líder do partido serão a 5 de março, e o congresso a 1, 2 e 3 de abril. A partir desse mesmo dia, e já com um novo Presidente da República em funções, termina o período de seis meses desde a data das anteriores legislativas, passando a ser possível o chefe de Estado dissolver a Assembleia e convocar novas eleições.

A propósito das eleições presidenciais, e depois de, na quinta-feira à noite, o PSD ter carimbado o seu apoio à candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa, Passos garante que não vai ter um envolvimento “muito intenso” na campanha presidencial do ex-líder do PSD para não lhe dar “um caráter partidário”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Questionado sobre o facto de Marcelo não ser, à partida, o “seu candidato”, Passos reafirma o que já tinha escrito na moção se estratégia, e que foi entendido pelo próprio professor de Direito como uma exclusão à sua candidatura: que Cavaco Silva é o “exemplo do que deve ser um chefe de Estado” e que o Presidente “não funciona como um catavento das ideias mediáticas que são propaladas todas as semanas para a opinião pública”.

Sobre a atuação do atual Governo, nomeadamente sobre as medidas recentemente anunciadas pelo ministro das Finanças, Mário Centeno, para sair da situação de défice excessivo, Passos afirma que não podia haver “maior elogio à política que fizemos”: “As medidas que foram anunciadas valem 0,027% do PIB (Produto Interno Bruto) — 46 milhões (de euros) é, portanto o que nos separa de ter um défice excessivo. Isso parece-me o maior elogio à política que fizemos”.

Passos Coelho considerou ainda que, se se conseguir este ano ficar com um défice abaixo dos 3%, a meta do défice de 2,8% para 2016 definida pelo novo Governo “é na prática não fazer nada” e “deixar tudo praticamente como está”. “Portugal tem de ter um objetivo de redução do défice muito mais ambicioso”, disse, acusando as medidas já conhecidas do novo executivo de António Costa de agravarem o défice. “Mas faltam lá medidas, porque a ideia de que os multiplicadores orçamentais resolverão o assunto não me convence”, acrescentou ainda, dizendo olhar com “desconfiança para as propostas”.