França saiu à rua este domingo para votar na segunda volta das eleições regionais, com a líder da Frente Nacional confiante na vitória depois de aquele partido de extrema-direita ter ganhado em seis das 13 regiões francesas no passado domingo. Segundo Le Monde, a taxa de afluência chegou perto dos 60%, bem mais do que os 49,9% do que na primeira volta.

A tendência foi regular ao longo do dia: ao meio-dia, tinham votado 19,59% dos eleitores, bem acima dos 16,27% que no último dia 6 já tinham votado pela mesma hora, e a taxa de participação ao final do dia de hoje estava bastante acima da primeira volta. Às 17h locais (menos uma hora em Lisboa) tinham votado 50,54% dos eleitores inscritos, sendo que no domingo passado à mesma hora tinham votado 49,9%.

As urnas estiveram abertas todo o dia, encerrando às 18h00 (17h00 em Lisboa) na maior parte do território, com o horário de funcionamento a ser estendido por mais uma hora nos municípios de maior dimensão. Nas grandes cidades as urnas não devem encerrar antes das 20h00 (19h00 em Lisboa), prevendo-se que, por essa altura, comecem a ser divulgados os primeiros resultados das sondagens à boca das urnas.

Mas o que significa o aumento da taxa de participação? Não é matemático nem há respostas certas, pelo menos até começarem a sair as primeiras sondagens à boca das urnas, mas a verdade é que a maior participação do eleitorado depois da grande vitória da extrema-direita na primeira volta pode querer dizer que os franceses se quiseram mobilizar para reverter os resultados de domingo. Vários são os relatos de eleitores que se descrevem como socialistas mas que admitem preparar-se para dar um voto útil à direita, votando nos republicanos, de forma a travar o avanço da Frente Nacional.

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De acordo com o Le Monde, as sondagens publicadas entre as duas voltas eleitorais dão um ligeiro avanço para a direita republicana, em detrimento da Frente Nacional, em algumas das regiões-chave: Nord-Pas-de-Calais-Picardie, onde na primeira volta ganhou Marine Le Pen, Provence-Alpes-Côte d’Azur, ganha pela sobrinha Marion Le Pen, e Alsace-Champagne-Ardenne-Lorraine, onde o cabeça de lista é Florian Philippot, um dos principais conselheiros da líder da Frente Nacional.

Expectativa: uma região para Le Pen

Na primeira volta, realizada no passado dia 6, o partido de extrema-direita de Marine Le Pen venceu em seis das 13 regiões francesas, ultrapassando conservadores e socialistas com 40,6% dos votos na região da líder do partido, Nord Pas-de Calais-Picardie. Nenhuma sondagem feita até este domingo deu vitória a candidatos da extrema-direita, mas ainda assim permanece a expectativa de que a presidente da Frente Nacional possa, pela primeira vez, vencer as eleições para uma região.

Certo é que os analistas ouvidos pela France Press dividem-se, lembrando que a disputa pode ser mais renhida do que se pensava em algumas regiões, em grande parte devido ao facto de o PS ter dado indicação aos seus eleitores para votarem taticamente nas suas regiões de forma a travarem as aspirações da extrema-esquerda. Segundo o especialista Jean-Daniel Levy, do Harris Interactive, é, ainda assim, “quase certo” que a Frente Nacional vença numa região. Já Bruno Jeanbart, do OpinionWay, citado por aquela agência de notícias francesa, afirma que o partido de Le Pen tanto pode vencer até cinco regiões, como ficar sem nenhuma.

Cerca de 45 milhões de franceses são chamados a votar, naquele que está a ser visto como o último teste eleitoral antes das eleições presidenciais em França (em 2017), onde Marine Le Pen deverá ser candidata. Mas este domingo esperam-se surpresas, sendo que a grande dúvida é se as aspirações de mudança dos franceses, que ganharam novo impulso na sequência dos ataques terroristas de Paris do último mês, serão suficientes para protagonizar uma viragem radical e eleger candidatos de extrema-direita.