O presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, alertou este domingo para a possibilidade de os outros partidos fazerem acordos pós-eleitorais apenas para “impedir o PP de governar”, afirmando que os programas destas formações “são como papel molhado”.

“Os seus programas [de Governo] são papel molhado, porque não se apresentam [a eleições] para governar, mas apenas ver se se unem aos outros” para impedir o PP de se manter à frente do executivo, sublinhou Rajoy num comício em Las Rozas, uma localidade a 20 quilómetros do centro de Madrid.

Rajoy sublinhou, no entanto, que apesar dessa frente (o PSOE diz que existe uma outra frente, mas contra os socialistas), “o PP vai ganhar as eleições e vai governar”. “Não permitam que os cantos de sereia, o populismo, o radicalismo e a inexperiência” desviem Espanha “do caminho” que deve seguir para chegar aos 20 milhões de pessoas com emprego, disse o presidente do Governo, numa referência a uma das metas do PP para a próxima legislatura.

Recorde-se que a situação de acordo pós-eleitoral foi a adotada em Portugal, visto que a coligação PSD-CDS/PP venceu as eleições, mas o PS conseguiu um acordo com os partidos à esquerda e está neste momento à frente do Governo.

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O PP tem atacado as propostas “utópicas” do PSOE – que considera responsável pela crise económica que caiu sobre Espanha desde 2008 -, bem como “o radicalismo” do Podemos – irmão político do Syriza na Grécia e do regime venezuelano – e a inexperiência governativa do Ciudadanos. Para Rajoy, só não gosta palavra experiência quem não a tem.

“Dizem: ‘Votem em mim, porque não fiz nada de mal’. Mas também não fizeram nada de bem. Simplesmente nunca fizeram nada”, realçou o presidente do Governo, sublinhando que alguns partidos “começam e acabam com o seu candidato”. As eleições gerais em Espanha realizam-se no próximo domingo, dia 20.

PSOE acusa governo PP de ter cortado em tudo menos na corrupção

O secretário-geral do PSOE, Pedro Sánchez, acusou hoje o PP de ao longo da legislatura ter cortado em tudo menos “na corrupção” e agradeceu aos outros partidos por terem formado “uma coligação anti-PSOE”.

Num comício em Valência – que juntou mais de 8 mil pessoas, o maior evento do PSOE na campanha até ao momento – Sánchez referiu-se aos casos de corrupção que envolvem o PP nas regiões autonómicas (como a Comunidade Valenciana) e o caso das comissões cobradas pelo deputado por Segóvia Pedro Gómez de la Serna e pelo embaixador na Índia, Gustavo de Arístegui.

“O único em que o PP não cortou foi na corrupção”, acusou Pedro Sánchez, acrescentando que o partido de Mariano Rajoy “tem um tal excedente de corrupção que agora até a exporta”, numa referência ao caso do embaixador. Sánchez ironizou ainda à “frente anti-PSOE” constituída entre PP, Ciudadanos e Podemos, agradecendo “de coração”.

“Assim se demonstra que há duas opções: os que querem votar pela mudança, que votem no PSOE, e os que não querem, que estarão a brindar Rajoy com mais quatro anos na Moncloa”. Sánchez apresentou-se no Pavilhão da Fuente de San Luis, “La Fonteta”, de Valência, ao lado do presidente da Comunidade Valenciana, Ximo Puig.

O secretário-geral do PSOE terá na segunda-feira um frente-a-frente televisivo com o presidente do Governo, Mariano Rajoy (PP), naquele que será o único debate na TV com a presença do chefe do executivo.