Sem surpresas. Foi desta forma que o presidente do Partido Socialista, Carlos César, explicou a chegada da equipa de António Costa ao poder. No programa “Conselho de Diretores”, da Rádio Renascença, Carlos César disse que, quer no setor financeiro quer noutras áreas, “as dificuldades são e serão enormes” e que não correspondem a um “grau de surpresa”, mas “à revelação daquilo que o PS, de facto, julgava que se passava”. E afirmou que o PS não tem “nenhum álibi no início do exercício de funções”.

Aquilo que pensávamos sobre a evolução do défice e a incapacidade de cumprir os 2,7% é aquilo que é verdade. Aquilo que pensávamos sobre o setor financeiro é mais ou menos aquilo que pensávamos que existia”, afirmou.

No balanço que fez de 2015, o presidente do PS referiu que o acordo à esquerda – que levou António Costa a primeiro-ministro – foi um dos acontecimentos que marcaram os últimos 12 meses. “Três acordos não é um sinal de fragilidade. Aliás desde cedo, desde o primeiro momento não foi nossa preocupação ter um único acordo”, afirmou.

Carlos César disse ainda que não existia “nenhuma dependência do PCP nem da CGTP” e que a reversão nos transportes públicos de Lisboa e do Porto “já constava do nosso programa eleitoral”. Mas assume que no acordo, “há problemas de intensidades, uma medida ou outra cuja calendarização diverge”, mas que isso não acontece em matérias consideradas essenciais, mas “metodológicas, de mero calendário”.

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“O tempo explicará” o processo de José Sócrates

Assegurando que o PS não tinha tido contactos com os partidos à esquerda durante a campanha, o presidente do PS afirmou que António Costa iria sempre recandidatar-se à liderança do partido, independentemente do resultado das eleições legislativas.

Sobre José Sócrates, Carlos César diz que “o tempo explicará” as tomadas de posição sobre o processo e que não viu a entrevista que o ex-primeiro-ministro deu à TVI, onde Sócrates apelou para que o PS apoiasse um candidato presidencial.

Não vi a entrevista. Estas ocupações do trabalho parlamentar não nos dão tanta liberdade. E nos resumos dos nossos assessores não vieram questões relativas a essa entrevista“, afirmou, acrescentando que estas questões têm “uma componente pessoal e emocional obviamente compreensíveis”.

Sem declarar apoio explícito a nenhum candidato presidencial, o presidente do PS disse ainda que “Sampaio da Nóvoa tem o perfil adequado a um apoio por parte do Partido Socialista, neste caso de um socialista”. Mas que isso não vai acontecer.

Questionado sobre a possibilidade de o PS se entender mais facilmente com o PSD, sem Passos Coelho, César respondeu que o partido não está “num namoro com uma criatura a piscar o olho a outro”, e assegurou que os entendimentos à esquerda “estão a correr bem”.