O líder do Ciudadanos admitiu esta sexta-feira – último dia da campanha eleitoral que o dá em queda – viabilizar um governo do partido que ganhe as eleições de domingo em Espanha, opondo-se a uma coligação que incluísse o Podemos.

O candidato do Ciudadanos à presidência do governo espanhol, Albert Rivera, mostrou abertura para abster-se na votação que o parlamento recém-eleito terá de fazer para escolher o presidente do Governo.

Na primeira votação para presidente do Governo é necessária uma maioria absoluta no Congresso dos Deputados, mas na seguinte basta uma maioria simples.

As sondagens indicam que o PP vai ganhar as eleições, mas longe da maioria absoluta (um mínimo de 176 deputados), com PSOE num segundo lugar ainda desconfortável devido à perseguição próxima do Ciudadanos e do Podemos, muito equiparados mas perto dos 20%.

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Rivera considera que deverá permitir que o vencedor das eleições de domingo tenha condições imediatas para começar o seu mandato e avançou que está contra uma coligação de forças políticas que inclua o Podemos, de Pablo Iglesias.

Para Rivera, um catalão constitucionalista, a proposta do partido de Pablo Iglesias de aceitar um referendo sobre a independência da Catalunha equivale a aceitar “quebrar a unidade de Espanha”.

Por isso mesmo, disse hoje em Barcelona, caso o Ciudadanos não seja a força mais votada, então “exercerá uma oposição responsável”. E especificou: não votará a favor nem de Mariano Rajoy (PP) nem de Pedro Sánchez (PSOE) e não participará num “acordo de legislatura” com um hipotético governo do PP ou do PSOE.

Se não ganhar, sublinhou Rivera, o Ciudadanos ficará na oposição, a “dialogar, lei por lei” com o governo que estiver.

Ao dar a entender que está disposto a abster-se para viabilizar o governo do partido mais votado – “Parece-me correto deixar começar a legislatura”, disse – Rivera evitaria, assim, uma situação como vive a Catalunha, sem presidente regional por falta de acordo entre o partido de Artur Mas e a esquerda radical CUP.

Rivera sublinhou ainda que não colocará condições para uma eventual abstenção, porque não lhe parece apropriado “fazer exigências” sem integrar o governo.

Quanto a uma possível coligação “de três, quatro ou cinco partidos” que incluísse o Podemos – e cujo projeto comum admitisse quebrar a unidade de Espanha – Rivera foi mais claro: “Romper Espanha, pôr em perigo a economia de mercado, o Estado social e a continuidade na União Europeia? O Ciudadanos vota contra”.

O líder do Ciudadanos descreveu-se assim como “o antídoto contra o imobilismo, a decadência da política e do bipartidismo que se desintegra”, mas também contra o “populismo” dos partidos que querem “acabar com tudo”.

No domingo, mais de 36,5 milhões de eleitores espanhóis vão às urnas para escolher um novo governo, elegendo 350 deputados em 52 circunscrições. Uma vez formado o novo parlamento, este votará para escolher o presidente do Governo, que até ao momento em Espanha sempre saiu da força mais votada.