O projeto Fruta Feia, que nos últimos dois anos evitou que 200 toneladas de fruta e legumes fossem parar ao lixo só na região de Lisboa, vai agora viajar para o Porto, onde procura instalar dois pontos de entrega.

Atualmente com 800 consumidores repartidos pelos três pontos de entrega no distrito de Lisboa — dois na capital e outro na Parede, em Cascais — e 50 agricultores associados, sobretudo da zona Oeste, a Fruta Feia vai agora expandir-se para a zona norte, depois de consolidado o projeto em Lisboa.

Isabel Soares, uma das mentoras da Cooperativa Fruta Feia, explicou à Lusa que o balanço destes dois anos de atividade é “superpositivo e que supera largamente as expectativas”.

“Evitámos quatro toneladas de desperdício por semana e, para a próxima, vamos chegar às 200 toneladas de desperdício evitado desde a data do arranque — em novembro de 2013 – são números muito altos, que não esperávamos”, confessou.

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A cooperativa Fruta Feia resulta de uma ideia de quatro amigos para aproveitar cerca de um terço da fruta e vegetais que os supermercados desperdiçam, por considerarem que não têm o aspeto perfeito que os consumidores procuram.

O próximo desafio é, segundo Isabel Soares, abrir dois pontos de entrega no Porto, em maio do próximo ano, de forma a dar resposta aos agricultores da região norte que contactaram o projeto quando este teve início em Lisboa, pedindo ajuda pois não conseguem escoar os seus produtos devido à sua aparência.

“A ideia de ir para o Porto é ajudar os agricultores da região. Neste momento, com os três pontos de entrega em Lisboa, só conseguimos ajudar os agricultores da região Oeste”, frisou, adiantando que já começaram a ser reativados os contactos com esses agricultores, que demonstraram interesse quando a iniciativa arrancou.

Neste momento, Isabel Soares revelou que a Fruta Feia vai contratar duas pessoas para dinamizarem os pontos de entrega no Porto, seguindo o modelo de negócio já instalado, que “de grosso modo” um ponto de entrega justifica um posto de trabalho.

“As duas pessoas vão, primeiro, fazer uma formação connosco em Lisboa, e depois iremos apoiá-las no norte. Gostava de arrancar com a entrega de 500 cabazes nos dois pontos, não no primeiro dia, mas ir crescendo ao longo do primeiro mês. Começar com 100 na primeira semana e ir aumentando”, explicou.

Atualmente, as cestas de ‘fruta feia’ – pequenas com 3/4kg e cinco a sete variedades e a grande com 6/8kg e sete a nove variedades, compostas por frutas e hortaliças, que variam semana a semana conforme a altura do ano – podem ser recolhidas às segundas-feiras na Casa Independente, no Intendente, às terças-feiras no Ateneu Comercial de Lisboa e às quintas-feiras na Sociedade Musical União Paredense, na Parede.

“Gente bonita come fruta feia” é o lema do projeto, que pretende associar “bons ideais às pessoas que estão dispostas a comer” esta fruta não normalizada, para evitar o desperdício alimentar, concluiu Isabel Soares.

Segundo os últimos dados da Organização para Alimentação e Agricultura da ONU 1,3 mil milhões de toneladas de alimentos são desperdiçados anualmente.