Portugal assiste nesta época à realização de 45 provas de atletismo de São Silvestre, mas destas, apenas três seguem a tradição e decorrem no último dia do ano, enquanto outras três se realizam já em janeiro de 2016.

De acordo com dados recolhidos pela agência Lusa, as três corridas agendadas para 31 de dezembro – a exemplo da original, nascida em São Paulo, no Brasil, em 1925 – são a São Silvestre da Amadora, uma das mais antigas (1975) e conceituadas do calendário, que cumpre este ano a sua 41ª edição, e as da Covilhã e Cidade Falcão, esta em Pinhel, no distrito da Guarda.

Todas as outras decorrem ao longo do mês de dezembro, em especial aos fins de semana, e três a 02 de janeiro de 2016: Santa Marta de Portuzelo (Viana do Castelo), Espinho (Aveiro) e Esmeriz (Vila Nova de Famalicão, distrito de Braga).

O calendário destas provas de estrada arrancou a 12 de dezembro em Santo Tirso, distrito do Porto, no mesmo dia de outras três realizadas em Vila Meã, Amarante, Santa Maria da Feira (Aveiro) e Ponta Delgada (São Miguel, Açores), a segunda mais antiga do país, que cumpriu em 2015 a 52ª edição.

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A 13 de dezembro, domingo, foi a vez de Idanha-a-Nova receber a 2ª corrida de São Silvestre, uma das três agendadas para o distrito de Castelo Branco.

Nos 18 distritos do continente, apenas Bragança não possui uma corrida de São Silvestre, tradição que em Portugal começou em 1958, com a São Silvestre da ilha da Madeira, denominada Volta à Cidade do Funchal e a mais antiga do país (57ª edição a 28 de dezembro).

Dois dias antes, a 26 de dezembro, decorre em Monção, Viana do Castelo, uma corrida de São Silvestre que tem a particularidade de começar em Espanha e terminar em Portugal, num percurso de cerca de cinco quilómetros entre Salvaterra do Minho e Monção, atravessando a ponte internacional que liga as duas localidades.

A corrida define-se como “solidária”, já que os participantes, a título de inscrição, entregam alimentos que serão depois distribuídos por bancos alimentares de ambos os lados da fronteira.

Ouvido pela Lusa, o presidente da Federação Portuguesa de Atletismo, Jorge Vieira, recusou que haja um ‘boom’ de corridas de São Silvestre em Portugal, mas admitiu que se está perante um “pico de crescimento” de eventos de corridas, reflexo dos anos de crise.

“O ‘boom’ que dizem existir do movimento de corridas não é de agora, será desconhecimento histórico dizer que é uma moda atual. Haverá um pico de crescimento que teve a ver com crise e declínio de capacidade de compra das pessoas e a corrida surgiu como alternativa aos ginásios, mais acessível e muito mais livre”, argumentou.

Sobre as São Silvestre, disse que “as pessoas querem correr e associam esse gosto a uma prova mítica desta altura do ano, da época natalícia e do Ano Novo”, adiantou.

Por outro lado, a corrida de fundo em Portugal é a área do atletismo “com êxitos mais relevantes”, por força dos campeões olímpicos Carlos Lopes, Rosa Mota e Fernanda Ribeiro: “Carlos Lopes, depois da medalha de prata [nos 10.000 metros] em 1976 em Montreal, abriu uma época de participação das pessoas [nas corridas] como não havia antes”, frisou Jorge Vieira, reafirmando que a apetência pelas provas de estrada “não é recente”.