O líder do CDS-PP, Paulo Portas, considerou este domingo, no Funchal, que é um “sinal errado” querer impor a ideologia política na questão da TAP. E defendeu que, sem a privatização, haverá uma “ameaça permanente” sobre a empresa.

“Com a privatização parcial, eu sei que a TAP é viável e é estratégica. Sem ela, acho que a ameaça permanente sobre a empresa e sobre os respetivos postos de trabalho pode voltar”, afirmou, realçando que não pagaria um “imposto ideológico” no caso da TAP.

Paulo Portas falava no encerramento do XV Congresso do CDS-PP/Madeira, que hoje elegeu Lopes da Fonseca como novo presidente da Comissão Política Regional, cuja moção foi a única sujeita a eleição, após a desistência de Rui Barreto e de Ricardo Vieira, que no sábado abandonou os trabalhos por discordar da decisão do congresso em adiar a discussão das alterações aos estatutos do partido para 2016.

“Acho que é um sinal errado, tanto interno como externo querer impor a ideologia na questão da TAP”, disse o líder centrista, considerando que se a empresa não for privatizada quem pagará os salários, a compra de aviões, o subsídio às rotas necessárias será o Estado e, neste caso, o contribuinte.

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Paulo Portas disse que é preciso falar com “honestidade e transparência” sobre a questão da transportadora aérea, sublinhando que o mais importante é “salvaguardar a viabilidade da TAP, pela relevância que ela tem para Portugal, para as suas comunidades e para o eixo estratégico que o nosso país pode desempenhar no relacionamento da Europa com África e com a América Latina”.

O líder nacional do CDS-PP alertou, por outro lado, para os perigos da utopia onde mergulham os partidos da extrema-esquerda e chamou a atenção para o facto de o valor da atualização das pensões no próximo ano ser inferior à inflação. Segundo Paulo Portas, a inflação prevista para 2016 é de 1,1%, mas o Governo decretou um aumento das pensões de apenas 0,4%.

Quer dizer, pela primeira vez nos últimos anos, as pensões mais baixas, nomeadamente as pensões mínimas, as pensões rurais e as pensões sociais vão perder poder de compra. A inflação prevista é claramente maior do que o aumento anunciado”, advertiu.

Paulo Portas afirmou que o CDS-PP se distingue dos partidos de extrema-esquerda por preferir a realidade à utopia, lembrando que a utopia esteve na base das duas maiores tragédias do século XX, o nazismo e o comunismo, ao passo que a democrata-cristã conseguiu fazer da Europa, após a segunda Guerra Mundial, um exemplo de prosperidade.

O dirigente centrista salientou, ainda, que o crescimento da economia depende do valor da confiança, advertindo para o facto de os investimentos e os investidores não ficarem à espera que Portugal tome outras decisões ou tenha outras orientações.

Em globalização, basta carregar num botão para deslocalizar o investimento. Sem investimento não há crescimento e sem crescimento não há criação de emprego”, disse.

O novo líder do CDS-PP/Madeira focou, por seu lado, o discurso na necessidade de unir o partido e “trazer de volta os que os que ontem saíram daqui” [referência a Ricardo Vieira e seus apoiantes].

Lopes da Fonseca afirmou, no entanto, que o CDS-PP vai continuar a luta como maior partido da oposição na Madeira, onde conta com sete deputados na Assembleia Regional, entre os quais ele próprio, que até agora foi líder parlamentar.

“O nosso projeto e a nossa estratégia é propor que o partido se prepare para as próximas eleições autárquicas. Essas eleições são as que verdadeiramente interessam ao partido e ao grupo que foi eleito neste congresso”, sublinhou, revelando, por outro lado, que vai propor aos órgãos do partido o apoio ao candidato presidencial Marcelo Rebelo de Sousa.