A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido de oposição em Moçambique, propôs ao Governo o envolvimento do Presidente da África do Sul, Jacob Zuma, na mediação da crise política e militar em Moçambique.

Falando em conferência de imprensa, o porta-voz da Renamo, António Muchanga, afirmou que o partido endereçou há um mês uma carta à Presidência da República de Moçambique, sugerindo que Zuma assuma o papel de mediador do diferendo político e militar em Moçambique.

“O Presidente Jacob Zuma já mediou com sucesso a crise zimbabuana”, declarou Muchanga, justificando a opção da Renamo pelo chefe de Estado sul-africano.

O porta-voz da Renamo adiantou ainda que a equipa de mediadores nacionais que vinha exercendo a mediação das conversações entre o movimento e o Governo fracassou no seu papel e deve ser substituída.

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“Os outros [mediadores nacionais] que tínhamos eram aprendizes e não tinham experiência e o processo foi dar naquela vergonha que todos vimos”, afirmou.

Muchanga referia-se à invasão da residência do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, e detenção e desarmamento da sua guarda pela polícia, no dia 09 de outubro, algumas horas após sair do esconderijo onde se havia refugiado, com a ajuda da equipa de mediadores nacionais.

Na semana passada, Dhlakama, que não é visto em público desede o incidente na Beira, falou aos jornalistas por telefone ameaçando governar no centro e norte do país, a partir de março do próximo ano, face ao impasse que se verifica no processo político no país.

“A Renamo vai governar a partir de março de boa maneira, vamos ocupar politicamente e democraticamente Sofala, Nampula, Zambézia e Manica, iremos ocupar Tete e Niassa”, afirmou o líder do principal partido de oposição em Moçambique.

O líder do principal partido de oposição afastou o recurso à força para a viabilização da ameaça de governar no centro e norte do país, mas assinalou que o movimento vai responder a uma eventual ação da polícia moçambicana.

“Não iremos disparar nenhum tiro, mas quero deixar claro que, se os da [Unidade] de Intervenção Rápida ou as ‘fademos’ [Forças Armadas], em cumprimento das ordens de Nyusi, tentarem fazer brincadeira, vamos destruir. Repito, vamos destruir e não iremos encontrar nenhuma resistência”, declarou.

As palavras de Dhlakama seguem-se ao chumbo pela maioria da Frelimo, a 07 de dezembro, da proposta de revisão pontual submetida pela Renamo ao parlamento e que visava acomodar o seu projeto de autarquias provinciais.

A Frelimo já tinha rejeitado em abril um projeto de lei prevendo a criação daquelas novas figuras administrativas, consideradas pela Renamo como indispensáveis para ultrapassar a fraude que alega ter existido nas eleições gerais de 15 de outubro de 2015.