O Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, dedicou esta quinta-feira a sua tradicional mensagem de Natal à crise dos refugiados. O patriarca lisboeta apelou à “solidariedade” e ao “empenhamento” dos povos na resolução da atual crise dos refugiados – uma crise que o Cardeal-Patriarca sublinha ser “estrutural”, e “não apenas conjuntural”.

D. Manuel Clemente, que lembrou que Jesus Cristo foi ele próprio “emigrante e refugiado no Egipto, para fugir a uma perseguição”, quis ainda “salientar quatro pontos” de reflexão, baseados em uma recente mensagem do Papa Francisco, deixada na antevisão do próximo dia 17 de janeiro, dia mundial do migrante e do refugiado:

“Este problema dos refugiados e dos migrantes é um problema estrutural, e não apenas um problema conjuntural ou passageiro”, sublinhou o Cardeal-Patriarca de Lisboa, explicando que o é porque dura “há um tempo muito prolongado” e porque “altera tanto as condições de vida de tantas pessoas, que procuram encontrar na Europa a paz, o sossego, a tranquilidade e o futuro que no seu país não conseguem ter”.

A crise dos refugiados, como lembrou recentemente o Papa Francisco, “é um problema que nos toca a todos”, afirmou D. Manuel Clemente, que só pode ser resolvido através da interculturalidade, reafirmou o Cardeal-Patriarca de Lisboa, que já o havia dito numa vigília pela paz, feita este mês, em que participou, juntamente com outros líderes religiosos.

“Temo-los cá [os refugiados] no nosso continente europeu, e também no nosso país começam a chegar, e é dentro desta interculturalidade, sem ghettos que nos apartassem, mas convivendo, partilhando valores – aqueles que temos e que eles certamente respeitarão (…) e acolhendo-os a eles com aquilo que trazem de específico, próprio e humanamente valorizável” que temos de agir, defendeu D. Manuel Clemente

“A única saída possível é crescermos pelo acolhimento numa humanidade comum (…) e mais solidária”, sublinhou o patriarca, que acrescentou ainda que o problema só será resolvido “quando começarmos todos como humanidade a resolvê-lo na sua origem”. Isto é, a agir nos países que enfrentam guerras e que provocam o fluxo de refugiados: “É localmente, pelo empenhamento da sociedade no seu conjunto, para resolver nos países de onde fogem as circunstâncias que os levam a tal, que poderemos finalmente encontrar uma solução cabal”, defendeu.

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