O candidato presidencial Marcelo Rebelo de Sousa exigiu hoje o apuramento do que “correu mal em termos políticos e organizativos” na morte ou mortes por falta neurocirurgiões ao fim de semana, recusando poupanças “na saúde dos portugueses”.

“Pode-se poupar em muita coisa, mas poupar na saúde dos portugueses não é um bom princípio para quem quer afirmar a justiça social e construir um Estado democrático mais justo”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, no início de uma visita ao Hospital de São José, em Lisboa.

O candidato à Presidência da República assumiu que a visita não aconteceu “por acaso” mas teve como objetivo passar a mensagem de que devem ser apuradas todas as responsabilidades das mortes que terão ocorrido pela falta de neurocirurgiões ao fim de semana, mas também uma mensagem de confiança no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Questionado se o ex-ministro da Saúde Paulo Macedo deve ser responsabilizado politicamente pela situação ou situações em causa, Marcelo respondeu: “É isso mesmo que se deve apurar, em geral, o que é que correu mal”.

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“O que é que correu mal por falta de meios humanos, técnicos, financeiros, o que é que correu mal por falta de organização, não sendo possível haver permanentemente uma forma qualificada de intervenção, nomeadamente ao fim de semana, não ter um sistema de rotação entre hospitais. Correu mal ter demorado muito tempo a construção do Hospital Oriental? O que é que correu mal em termos políticos e organizativos?”, questionou-se.

Confrontado com a posição da candidata Maria de Belém Roseira, que à Agência Lusa se manifestou contra a aplicação da lei dos compromissos à saúde, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que “não é apenas uma lei, que foi determinada por causa da situação de austeridade, é, em geral, [saber-se] que condições financeiras deve ter o Serviço Nacional de Saúde e como deve funcionar para que não se repitam estes episódios”.

“Um dos pontos que é preciso determinar para o futuro é saber se avança o Hospital Oriental, é muito importante”, frisou.

“É um problema financeiro? Obviamente, mas é também um problema que porventura é também um problema organizativo. É isso que deve ser apurado e espero que venha a ser apurado, é essa a intenção do Governo, é essa a intenção do ministro da Saúde, e eu penso que é uma intenção fundamental para o conhecimento das portuguesas e dos portugueses”, declarou.

O candidato a Belém insistiu igualmente na ideia de que o SNS “é uma das grandes conquistas do 25 de Abril” e merece confiança: “Não é uma árvore ou não são duas árvores, embora muito graves, que fazem uma floresta. Há 60 a 70 milhões de utilizações anuais do SNS”, afirmou.

A 14 de dezembro um jovem de 29 anos, David Duarte, morreu no Hospital de São José, depois de ter sido internado no dia 11, tendo-lhe sido diagnosticado uma hemorragia cerebral provocada por um aneurisma, necessitando de uma intervenção cirúrgica rápida.

Desde então, a urgência metropolitana de Lisboa está sob ‘fogo’. A prevenção aos fins de semana da Neurocirurgia-Vascular estava suspensa desde abril de 2014 e da Neuroradiologia de Intervenção desde 2013.