A candidata presidencial Marisa Matias considera “incompreensível” que Marcelo Rebelo de Sousa se mostre preocupado com os efeitos dos cortes orçamentais na saúde, tendo ele apoiado o Governo anterior, que foi o responsável por essa política.

“Acho incompreensível que o candidato Marcelo Rebelo de Sousa apoiasse a política do Governo anterior na mesma altura” em que esse mesmo Governo “andava a promover cortes na saúde, que levaram à morte de tanta gente”, disse hoje, aos jornalistas, em Condeixa-a-Nova, a candidata à Presidência da República apoiada pelo Bloco de Esquerda.

Os cortes “feitos na saúde foram denunciados há muito tempo, por muita gente, não são novidade, infelizmente”, sublinhou Marisa Matias, que comentava a deslocação, hoje, de Marcelo Rebelo de Sousa ao Hospital de São José, em Lisboa, onde, em 14 de dezembro, um jovem de 29 anos, David Duarte, morreu, depois de ter sido internado no dia 11, tendo-lhe sido diagnosticado uma hemorragia cerebral provocada por um aneurisma, necessitando de uma intervenção cirúrgica rápida.

A candidata e eurodeputada falava à margem de um ‘lanche/convívio de Natal’ na Associação Recreativa, Desportiva e Cultural de Alcouce, localidade do concelho de Condeixa-a-Nova (distrito de Coimbra), que é a sua terra natal e onde tem promovido iniciativas no âmbito de todas as eleições em que tem participado.

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O Governo anterior praticou “uma política de cortes” que “matou muita gente” e que foi “denunciada em devido tempo”, sublinhou.

Essa “política de austeridade”, esse “ciclo de empobrecimento” promovido pelo “Governo de direita” fez com que se perdessem “muitas vidas, que não recuperamos”, insistiu Marisa Matias, salientando que essas outras mortes também foram “denunciadas ao longo do tempo”.

A austeridade “não é apenas um discurso, tem formas concretas, tem cortes concretos e tem impactos concretos na vida das pessoas e, portanto, o discurso dos sacrifícios, isolado das consequências concretas dessas medidas pode levar a dizer que não sabíamos, mas infelizmente já sabíamos, já sabemos há muito tempo”.

“O que é fundamental agora — e porque, infelizmente, não se podem recuperar essas vidas — é o investimento a sério no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e impedir que voltem a acontecer casos como esse [no Hospital de São José] e tantos outros”, resultantes da política da anterior maioria, que “teve em vista mais a proteção dos interesses económicos do que propriamente a vida das pessoas”, concluiu.

Sobre o discurso de Natal do primeiro-ministro, António Costa, a candidata disse que ele revela “uma mudança de tom” e “uma mudança de política, que começou com a alteração da maioria na Assembleia da República e que agora se tem de traduzir em mudanças concretas e em medidas concretas, desde logo na recuperação de salários e de pensões, mas também no investimento direto no SNS e numa aposta clara na escola pública”.

Mas a mudança “tem de chegar a todas as instituições”, disse, sustentando que “é importante ter em Belém uma Presidente” que lute contra “as desigualdades sociais e que tente promover a felicidade de todas as portuguesas e de todos os portugueses”.