A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica recolheu este sábado embalagens de carne de porco não rotulada no talho do Pingo Doce do Braga Parque, na sequência de uma denúncia de suinicultores que realizaram uma ação de protesto. A Lusa constatou no local que as montras do talho onde estavam as embalagens de carne de porco ficaram entretanto vazias.

Em declarações à Lusa, o porta-voz da iniciativa dos suinicultores portugueses disse que esta foi “a primeira vez que a ASAE respondeu prontamente a uma denúncia dos suinicultores”. A ação da ASAE ocorre na sequência da ação que os suinicultores realizaram no talho do Pingo Doce do centro comercial Braga Parque, entre as 17h e as 19h.

A iniciativa juntou cerca de 200 suinicultores de todo o país que chegaram esta tarde em autocarros a Braga, entraram no Pingo Doce do Braga Parque vestidos com t-shirts brancas onde se lia “coma o que é nosso”. De seguida, concentraram-se na área do talho e das montras de embalagens de carne sob o olhar atento de alguns seguranças daquele supermercado.

A ação tinha como objetivo informar a opinião pública e alertar para “a prática de terrorismo comercial que tem vindo acontecer por parte da grande distribuição relativamente aos produtores” de carne de suíno, disse João Correia, um dos promotores da iniciativa, à Lusa. A ação de hoje no Norte do país – que se segue a outras que têm acontecido desde o início do mês — tem na origem o baixo preço pago pela grande distribuição aos produtores, que se queixam de os custos de produção ascenderem atualmente a 1,50 euros por quilo de carne enquanto esse mesmo quilo é vendido a um euro nos hipermercados.

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Além disso, os produtores falam do incumprimento da lei da rotulagem, que entrou em vigor em abril, para identificar a carne de porco. Estão registados em Portugal cerca de quatro mil suinicultores industriais, havendo no total quase 14 mil explorações. Portugal produz cerca de 55% da carne de porco que consome.

Associação de empresas de distribuição garante que todas cumprem lei de rotulagem

A Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) garantiu entretanto que todas as empresas associadas cumprem “escrupulosamente” a legislação em vigor no que diz respeito à rotulagem da carne. A APED enviou um comunicado às redações onde garante que “todas” as suas associadas cumprem a legislação em vigor, entre as quais se inclui a empresa Jerónimo Martins, dona dos supermercados Pingo Doce.

“Todas as cadeias de distribuição associadas da APED cumprem escrupulosamente a legislação em vigor em matéria de rotulagem e informação ao consumidor, pelo que todos os produtos colocados no mercado cumprem os normativos legais”, lê-se no comunicado.

Por outro lado, a associação aproveitou para anunciar que vai participar na reunião agendada pelo gabinete de gestão de crise criado pelo Ministério da Agricultura, marcada para dia 4 de janeiro, com vista a encontrar soluções para o setor da suinicultura. De acordo com a APED, durante o ano de 2015, o setor da suinicultura passou por “um período de quebra generalizada de preços em toda a União Europeia”, destacando que têm vindo a baixar nas “principais bolsas” de cotação de carne de porco da União Europeia.

Sublinhou que a situação de redução de preços que se tem vindo a verificar no setor resulta de uma conjuntura europeia desfavorável, que se tem acentuado ao longo do ano. Aproveitou também para ressalvar que a responsabilidade pela descida dos preços não é exclusiva do setor da distribuição, garantindo que este “sempre procurou apoiar os produtores e fornecedores portugueses”. “O setor dos suínos precisa de uma estratégia que promova a excelência da carne de porco nacional e a procura de novos mercados”, defendeu a APED.