O secretário de Estado norte-americano destacou, esta segunda-feira, os avanços na normalização das relações com Cuba, o acordo com o Irão e a cimeira do clima como as maiores conquistas dos EUA no plano externo em 2015.

Numa coluna de opinião publicada no diário The Boston Globe, John Kerry decidiu manter a tradição de fazer uma avaliação geral ao chegar ao final do ano e elencou as maiores conquistas de 2015, um ano que serviu para o país se preparar para “os testes” que aguardam os Estados Unidos no próximo ano. “Apesar das perturbações e tragédias, o ano proporcionou uma nova esperança à comunidade internacional, que pôde unir-se e enfrentar os problemas mais difíceis”, afirmou Kerry, que viveu boa parte da sua vida em Boston e que durante 28 anos foi senador pelo estado de Massachusetts.

Um dos acontecimentos mais significativos do ano foi, segundo Kerry, o içar da bandeira na embaixada dos Estados Unidos em Havana (Cuba), inaugurada pelo próprio chefe da diplomacia norte-americana a 14 de agosto, um dia histórico que abriu um novo capítulo na relação entre os dois países, antigos inimigos. A visita de Kerry a Cuba foi a primeira realizada por um secretário de Estado à ilha em 70 anos.

“Enquanto caminhava pelas ruas de Havana Velha senti, de uma forma mais forte, que nunca devíamos permitir que as nossas diferenças com o regime cubano continuem a impedir uma relação mais estreita com o povo cubano”, escreveu Kerry na coluna de opinião.

Outro dos “feitos” destacados por Kerry foi a cimeira do clima (COP21), em Paris, que fechou no início deste mês, com um acordo em que cerca de 200 países se comprometem a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, incluindo manter o aumento da temperatura média global, em que foi fundamental o papel dos Estados Unidos e da China, dois dos países mais poluidores. “Agora temos uma responsabilidade partilhada para manter o impulso gerado em Paris e para que os objetivos alcançados ali não se convertam num limite do que podemos alcançar, mas antes na plataforma sobre a qual podemos conseguir maiores conquistas”, apontou o chefe da diplomacia norte-americana.

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Outra das conquistas elencadas por Kerry foi o acordo nuclear alcançado em julho entre o Irão e as potências do grupo 5+1 (EUA, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha), que contempla o fim das sanções contra o país persa em troca da limitação das suas reservas de urânio e plutónio e acesso à vigilância.

Destacado é também o Acordo de Associação Transpacífico (TPP), um acordo de comércio firmado em outubro entre 12 países da bacia do Pacífico e que, segundo Kerry, “reduzirá as barreiras às exportações e ajudará a nivelar o jogo entre trabalhadores e empresários”.

O ano de 2015 “também foi marcado por importantes avanços democráticos em países como a Nigéria, Birmânia, Sri Lanka e Venezuela”. E, “com a ajuda dos Estados Unidos, a Colômbia aproxima-se de pôr fim à mais longa guerra civil do mundo”, acrescentou.

O Governo colombiano mantém há 13 anos em Havana um processo de negociações com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) para alcançar um acordo que acabe com o conflito armado, que dura há mais de meio século e é o mais antigo do continente. As partes acordaram que, mais tardar, a 23 de março do próximo ano, devem firmar um acordo definitivo de paz.

Os Estados Unidos reforçaram este ano o seu apoio às conversações entre Bogotá e as FARC com a nomeação, em março, de Bernie Aronson como enviado especial para o processo de paz. Aronson não se senta à mesa das conversações que decorrem na capital cubana, já que os Estados Unidos continuam sem fazer parte do processo, mas mantém reuniões com ambas as partes em apoio à agenda do Governo colombiano.