Desde a detenção do antigo primeiro-ministro José Sócrates que o nome do grupo Lena não mais saiu das primeiras páginas e dos noticiários em Portugal. No meio desta teia de suspeitas apareceu também o nome de Joaquim Barroca, administrador da empresa de Leiria e que agora surge ligado a um esconderijo no mínimo peculiar.

A revista Visão conta que em abril os investigadores começaram a apontar baterias para a empresa que começava a ser suspeita de ser um dos corruptores de Sócrates. O problema é que os administradores tomaram conhecimento das suspeitas conseguindo mesmo saber o dia e a hora em que as autoridades chegariam à sede do grupo. Segundo a mesma revista, Francisco Santos, da área dos media do grupo Lena, ligou a avisar que o procurador Rosário Teixeira e o juiz Carlos Alexandre estavam em Fátima. Ali ao lado de Leiria. Ora, não foi preciso puxar muito pela cabeça para perceber para onde iriam a seguir. Assim, quando os investigadores chegaram para revistar os escritórios, já não havia sinal de Joaquim Barroca que é atualmente um dos 12 arguidos da Operação Marquês.

Mas se os responsáveis pela investigação já esperavam isto, o que encontraram a seguir surpreenderam-nos seguramente. Antes do local das buscas ter mudado para a casa de Barroca, o responsável pelas suas viaturas, Geraldo Rodrigues, enviou uma mensagem de texto: “Tudo entregue”. Pouco tempo depois o homem forte do grupo Lena respondeu com o seguinte texto, segundo escreve a Visão:

Está no frigorífico na arca congeladora do reboque da Harley que levei a ltália; a Dra. Ana do céu vai pedir-te que me lá vás buscar isso. E depois dás-lhe ainda hoje, ok?”

Foi preciso analisar todas as comunicações intercetadas para encontrar esta mensagem. Conta a Visão que foi o próprio juiz Carlos Alexandre que as analisou e, os investigadores questionaram: “Quem é que guarda o que quer que seja dentro de uma arca congeladora de um frigorífico guardado num reboque de uma motorizada?”

Os investigadores concluíram que existiam “fortes indícios de sonegação de prova”. O reboque servia de esconderijo, mas para quê não se sabia. E não se sabe até hoje. Num despacho assinado por Carlos Alexandre, citado pela Visão, o juiz diz que “no que se reporta aos indícios da verificação dos perigos, entendemos que a explicação dada pelo arguido para deter documentos guardados, de uma forma permanente, num atrelado de uma mota de colecção, colocada num pavilhão da sua propriedade, se afigura de todo inverosímil e é mesmo contraditória com outros indícios recolhidos nos autos, que apontam para a deslocação dos documentos no próprio dia da busca.”

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