Será pela hora do jantar que o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, irá proferir o último discurso de Ano Novo, antes de terminar o seu mandato em Belém, a 09 de março de 2016.

Habitualmente a intervenção é aproveitada pelo Chefe de Estado para deixar alertas para o futuro, como aconteceu no ano passado, quando Cavaco Silva apontou 2015 como “um ano de escolhas decisivas”.

Centrando a sua mensagem nas eleições legislativas que acabaram por se realizar a 04 de outubro, o Presidente da República recomendou aos partidos cuidado nas promessas eleitorais que iriam apresentar, sublinhando que os problemas do país não se resolvem “num clima de facilidade”.

Sem antever o que se passaria a seguir às eleições – com a queda do Governo de coligação PSD/CDS-PP apenas cerca de um mês após a tomada de posse, na sequência do chumbo do programa do executivo, e a posterior formação de um Governo socialista com o apoio parlamentar do BE, do PCP e do PEV – Cavaco Silva interpelou ainda os portugueses e, em especial, os políticos a preparem o período pós-eleições.

Pois, acrescentou, não é só no dia a seguir às eleições que se constroem “soluções governativas estáveis, sólidas e consistentes, capazes de assegurar o crescimento económico e dar esperança aos portugueses”.

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Um ano antes, a 01 de janeiro de 2014, e seis meses depois da crise política que abalou o Governo liderado por Pedro Passos Coelho, o Presidente da República aproveitou a mensagem de Ano Novo para retomar o apelo aos partidos para um “compromisso de salvação nacional”, insistindo que os portugueses beneficiariam desse acordo no período `pós-troika´ e apelou ao “espírito construtivo”.

A meses do fim do programa de assistência financeira, o Presidente falou sobre a hipótese de um segundo resgate, dizendo não haver razões para crer que Portugal teria essa necessidade. Em maio, viria a certeza de que Portugal teria uma ‘saída limpa’.

Em 2013, foi na mensagem de Ano Novo que o chefe de Estado anunciou que iria requerer ao Tribunal Constitucional a fiscalização sucessiva do Orçamento para esse ano, argumentando que havia “fundadas dúvidas sobre a justiça na repartição dos sacrifícios”.

Quase em jeito de antecipação do que viria a acontecer no verão, Cavaco Silva aproveitou ainda a mensagem de Ano Novo para advertir que Portugal não estava “em condições de juntar uma grave crise política à crise” em que o país estava mergulhado e defendeu a necessidade de “urgentemente pôr cobro” à “espiral recessiva” e concentrar esforços no crescimento económico.

Na primeira mensagem de Ano Novo do seu segundo mandato em Belém, e quando se completavam quase seis meses do Governo PSD/CDS-PP liderado por Pedro Passos Coelho, o chefe de Estado já tinha falado da importância de uma agenda para o crescimento e emprego, considerando que sem isso a situação social se poderia tornar “insustentável”.

“A resolução dos desafios que Portugal enfrenta exige” uma estratégia que vá “além do rigor orçamental”, defendeu o Presidente da República, apelando ainda ao “diálogo construtivo entre o Governo e a oposição” e ao “aprofundamento da concertação social”.

Em 2007, na primeira mensagem de Ano Novo que dirigiu aos portugueses enquanto Presidente da República, e ainda com José Sócrates como primeiro-ministro, Cavaco Silva pediu resultados, exigindo “progressos claros” na economia, educação e justiça. Apontando 2007 como um ano crucial para o futuro do país, o chefe de Estado, defendeu ainda um “relacionamento salutar” entre os órgãos de soberania.