A greve dos professores do ensino artístico privado arranca hoje, ainda que a maioria dos atrasos nos salários esteja em vias de resolução, para proteger aqueles que não têm como pagar as deslocações, justificou a Fenprof.

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) entregou em dezembro um pré-aviso de greve dos professores das escolas de ensino artístico especializado, para uma paralisação com início hoje e que se estende a todo o mês de janeiro, podendo ser “prolongada mensalmente enquanto se justificar”, admitia a federação há algumas semanas, num comunicado.

A federação justificava a decisão com “a situação dramática” de docentes que não recebem salário “há vários meses”, defendendo a demissão do diretor-geral dos Estabelecimentos Escolares, “pela forma incompetente como tem atuado neste processo”, e a abertura de um processo de inquérito por parte da Inspeção-Geral de Educação.

É essa mesma “situação dramática” que leva a que agora, no dia marcado para o arranque da greve, o pré-aviso se mantenha, mesmo depois de a Fenprof ter admitido levantá-lo quando começou a receber confirmações de que estaria em vias de resolução a situação de salários em atraso a estes docentes.

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Em declarações à Lusa, o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, explicou que não há da parte do Ministério da Educação qualquer ação que justifique a manutenção da greve, uma vez que os pagamentos têm chegado às escolas, à medida que os procedimentos burocráticos vão permitindo desbloquear as verbas.

Segundo Mário Nogueira, que admitiu que a federação não tenciona fazer qualquer levantamento do impacte desta greve, a paralisação dos docentes do ensino artístico especializado apenas se mantém numa perspetiva de proteção aos docentes que, estando sem receber há vários meses, já não têm meios para pagar deslocações diárias de dezenas de quilómetros para chegarem às escolas onde dão aulas.

“O que queremos evitar é que estes professores venham a sofrer processos disciplinares por acumularem faltas injustificadas. A greve serve para, nestes casos, justificar a falta dos professores”, disse à Lusa Mário Nogueira.

Ainda que muitas escolas já tenham recebido a transferência de verbas que permitem pagar ordenados em atraso, há outras em que a regularização pode demorar mais alguns dias, sendo estes os casos que preocupam a Fenprof, que pretende evitar que estes professores continuem a ter que se apresentar ao serviço sem receber os ordenados em falta.