O economista-chefe do FMI afirmou que a União Europeia deve continuar atenta aos desenvolvimentos em Portugal, Espanha, na Grécia e na Ucrânia em 2016, considerando que representam os maiores desafios europeus a seguir à crise dos refugiados.

“Além da crise dos refugiados, a Europa enfrenta outros problemas políticos e económicos — da Península Ibérica, da Grécia e da Ucrânia”, afirmou o economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Maurice Obstfeld, numa entrevista sobre os desafios económicos mundiais em 2016, publicada hoje na revista da instituição, ‘IMF Survey Magazine’.

“A crise dos refugiados provenientes do Iraque e da Síria representa um grande desafio à capacidade de absorção das economias da União Europeia, aos seus mercados de trabalho, mas principalmente aos seus sistemas políticos”, considerou Maurice Obstfeld.

Para o economista-chefe do FMI, o projeto de uma polícia comum de fronteiras e as tensões relacionadas com a liberdade de circulação “também merecem atenção”.

“Não nos devemos esquecer que países como o Líbano, a Jordânia e a Turquia estão na primeira linha da crise dos refugiados”, disse.

Maurice Obstfeld admitiu que “o desenvolvimento destas tensões durante o ano vai ser determinante nos resultados macroeconómicos a nível regional e global”.

O economista afirmou também que a China vai continuar a ser um país a acompanhar com atenção durante este ano, uma vez que “a sua economia está a abrandar à medida” que muda de investimento e produção para consumo e serviços e que uma taxa de crescimento abaixo das metas do Governo da China “pode assustar os mercados internacionais”.

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O economista-chefe do FMI considera que 2016 “será abundante em desafios” e que também as economias emergentes vão continuar em destaque, enumerando a queda no fluxo de capitais, o aumento dos juros das dívidas públicas, o enfraquecimento da moeda e o abrandamento do crescimento nestes países.

Além disso, lembrou, “o sentimento nos mercados financeiros é sorumbático no final de 2015”, o que “pode criar incerteza em 2016”, apesar das medidas tomadas pelo Banco Central Europeu (BCE), pela Reserva Federal norte-americana (Fed) e pelo Banco Central do Japão.

Por fim, Maurice Obstfeld considerou que a desigualdade também merece atenção em 2016: “Apesar de uma convergência considerável no rendimento ‘per capita’ a nível mundial, não se seguiu uma distribuição de rendimento mais equitativa entre os países”.