O chefe dos serviços secretos das forças armadas russas (organização conhecida pela abreviatura GRU), Igor Sergun, morreu no passado domingo, aos 58 anos. Segundo anunciou em comunicado o ministério da Defesa russo, Sergun teve uma “morte repentina”. Por agora, não se conhece ainda quer o local quer as causas da morte, relata a estação CBS News.

Quer a organização quer o seu líder, Igor Sergun, estiveram recentemente na mira das autoridades ucranianas e da União Europeia. Os responsáveis ucranianos alegam que agentes ligados à GRU estiveram envolvidos no conflito no leste da Ucrânia, que se iniciou em abril de 2014, onde estiveram misturados com outros separatistas pró-russos. O seu líder, por sua vez, estava na lista de oficiais russos sancionados pelos países ocidentais: em um comunicado, a União Europeia acusou mesmo Igor Sengrun de ser o “responsável pelas atividades dos agentes da GRU no leste da Ucrânia”.

Expressando as suas condolências face à inesperada morte de Igor Sergun, o presidente russo Vladimir Putin descreveu-o como sendo “um comandante experiente e competente, um homem de grande coragem, um verdadeiro patriota”, em declarações reproduzidas pela BBC.

Moscovo sempre negou ter forças oficiais russas no conflito da Ucrânia, referindo-se sempre aos combatentes como “separatistas pró-russos”. No passado mês de dezembro, porém, o presidente Vladimir Putin admitia que a Rússia podia ter pessoas que “levam a cabo certas tarefas [em solo ucraniano], incluindo na esfera militar”.

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Nascido a 28 de março de 1957, Igor Sengrun enveredou por uma carreira militar, tendo assumido em 2011 a liderança dos serviços secretos das forças armadas da Rússia. Segundo Mark Galeotti, um especialista nas políticas de segurança da Rússia, a organização recuperou algum do seu antigo prestígio sob o comando de Igor Sergun. Devido à sua ação, o governo russo voltou a ver a GRU como uma organização com valor.

Porém, a situação terá mudado nos últimos meses. “O processo de isolar o leste da Ucrânia tinha de ser travado em dado momento – por isso, o tempo da GRU acabou. Agora é a altura do FSB [Serviço de Segurança russo, cujo método, diz o especialista, é “encomendar” serviços, ao contrário do que acontece com a GRU, que “não tem medo de sujar as mãos”] voltar a liderar os acontecimentos”, afirmou em 2014 Igor Sutyagin, especialista nas políticas de armamento russas.

Esta é a segunda morte inesperada que ocorre com agentes russos nos últimos meses. No início de novembro, um ex-assessor de Vladimir Putin, Mikhail Lesin, foi encontrado morto num sofisticado hotel em Washington D.C. (EUA). Mikhail Lesin ocupou o cargo de ministro da Imprensa russa entre 1999 e 2004, tendo transitado depois para o cargo de conselheiro do presidente na área dos media, que ocupou até 2009. Esteve ainda envolvido na fundação da estação televisiva Russia Today (RT).