Os trabalhadores da Soares da Costa estão concentrados nos estaleiros da empresa na Rechousa, Gaia, em protesto pelo despedimento coletivo de 500 funcionários e reclamando o pagamento dos salários de novembro, dezembro e subsídio de Natal, anunciou fonte sindical.

Em comunicado, o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Norte (SITE-Norte) adianta ainda que os trabalhadores encerraram os portões da empresa “para impedir a saída e a entrada de qualquer material, nomeadamente uma grua para a obra do hotel Monumental”.

Em causa está o processo de despedimento coletivo de cerca de 500 funcionários anunciado a 16 de dezembro passado pela construtora e o atraso no pagamento dos salários dos meses de novembro, dezembro e do subsídio de Natal.

A 22 de dezembro passado, após uma reunião com a administração da Soares da Costa, o coordenador da Comissão de Trabalhadores da Soares da Costa, José Martins, disse à Lusa que os trabalhadores esperavam receber ainda naquela semana o salário de novembro e parte do subsídio de Natal.

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Cinco dias antes, os trabalhadores tinham iniciado uma paralisação para reivindicar o pagamento dos salários em atraso e apelar à reversão do processo de despedimento coletivo de cerca de 500 funcionários anunciado no dia anterior.

A 16 de dezembro, num documento a que a Lusa teve acesso, assinado pelo presidente executivo da Soares da Costa, Joaquim Fitas, são referidas as “repercussões nefastas” para a empresa da crise e da “estagnação do mercado de construção” em Portugal e em Angola, seu principal mercado, considerando-se que perante esta conjuntura é “inevitável o redimensionamento e reestruturação da empresa”.

No dia seguinte, Joaquim Fitas disse à Lusa que o despedimento coletivo era necessário para que a empresa pudesse preservar mais de 80% dos postos de trabalho.

“Não estou a despedir aproximadamente 20% (um pouco menos), estou a fazer tudo para preservar mais de 80% dos postos de trabalho da Soares da Costa, esta é que é a perspetiva”, disse então o administrador da construtora, que acumula prejuízos anuais superiores a 60 milhões de euros e viu o volume de negócios cair cerca de 30%, tendo atualmente cerca de 300 trabalhadores em casa em situação de inatividade.

O processo de despedimento coletivo deverá ficar concluído no final do primeiro trimestre de 2016 e já teve início com o pedido de parecer e a apresentação do desenho final.

A Soares da Costa é controlada em 66,7% pela GAM Holdings, detida pelo empresário angolano António Mosquito, que entrou no capital da construtora no final de 2013, sendo os restantes 33,3% da SDC — Investimentos (ex-Grupo Soares da Costa).