Tem 72 anos, chama-se Ri Chun-hee e é a pivô mais famosa da Coreia do Norte. Como jornalista da Televisão Central Coreana (estação do país controlada pelo Estado), deu algumas das notícias mais importantes da história da Coreia do Norte: a morte de dois ex-líderes do país (Kim II Sung e Kim Jong II, em 1994 e 2011, respetivamente), por exemplo. A mais recente das notícias marcantes leu-a esta quarta-feira: foi ela que noticiou, em direto, que a Coreia do Norte tinha acabado de detonar uma bomba de hidrogénio (o que divide os analistas).

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O estilo dramático e efusivo com que deu a notícia – vestida com um Chima jeogori, o vestido popular da Coreia do Norte – poderá parecer absurdo aos espetadores de outros países: mas essa é uma das suas imagens de marca, que lhe valeram a popularidade entre os seus pares.

A “pivô do povo”, como é conhecida na Coreia do Norte, segundo relata a CNN, terá nascido no ano de 1943. Ri Chun-hee terá tido em início de carreira a ambição de ser atriz e é essa a sua formação. Entre os 28 e os 29 anos começou a trabalhar como pivô de informação na Televisão Central Coreana: e nunca mais daí saiu, até aos dias de hoje, tendo uma carreira que dura já há quatro décadas.

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Nos últimos anos, a pivô norte-coreana – que em 2012 disse à estação chinesa CCTV que estava preparada para se reformar – tem estado fora das luzes da ribalta, diz a CNN. Mas foi sempre ela a anunciar algumas das notícias mais importantes do país: para além de ter noticiado a morte de Kim II Sung e Kim Jong II, esteve também em destaque ao acompanhar a tensão entre as duas vizinhas Coreias .

Veja-se, por exemplo, o tom agressivo que utilizou em novembro de 2010, para noticiar que o território norte-coreano havia sido “violado” pela Coreia do Sul, depois de um confronto entre as forças armadas dos dois países. Uma entoação que contrasta com a forma suave e “gentil” que utiliza para dar notícias sobre a Coreia do Norte, como explicou na entrevista à estação chinesa.

“Muitas das pivôs de hoje são muito jovens e bonitas. E [são] muito mais adequadas para aparecer em frente dos telespetadores” dizia, em 2012, em entrevista à CCTV. Na mesma entrevista, revelou alguns dos seus segredos: segundo Ri Chun-hee, cada pivô deve ter o seu próprio estilo de comunicação (e não deve abdicar dele) e a entoação usada deve variar consoante a notícia em causa (um lema que leva ao extremo).

À Rádio Internacional Pública (PRI) norte-americana, um especialista em propaganda norte-coreana, Brian Myers, descreveu a pivô como tendo “uma voz repleta de ódio. É uma voz simplesmente carregada de desprezo e ódio”, afirmou Brian Myers, que explicou ainda que o seu passado de atriz pode ter uma influência na forma como dá as notícias: “Ri Chun-hee é uma exceção, porque não tem o passado normal dos jornalistas [que estudam jornalismo]. Em vez, especializou-se de alguma forma em drama”. Um estilo que confunde os estrangeiros, mas que a popularizou na Coreia do Norte.