O governo admite que é preciso encontrar uma solução “pragmática e imaginativa” para reforçar a capacidade aeroportuária de Lisboa, mas quer aprofundar os estudos sobre a solução Montijo antes de avançar com o desenvolvimento de um segundo aeroporto, em complemento à Portela.

O ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques, esteve esta quinta-feira na Portela para o anúncio de mais um recorde de passageiros nos aeroportos portugueses em 2015. Lisboa voltou a estar em destaque pelo crescimento de tráfego, tendo alcançado os 20 milhões de passageiros no ano passado.

No entanto, o atual responsável da pasta não se compromete já com a solução, defendida pelo anterior governo e pela dona da ANA, a francesa Vinci, de construção de um segundo aeroporto no Montijo. Esta proposta assenta no modelo Portela mais um que tem sido apontado como alternativa economicamente mais interessante do que a construção de um novo aeroporto de grandes dimensões para substituir a atual infraestrutura.

Pedro Marques defende que se deve “aprofundar muito os estudos” e o trabalho já feito para esta localização e analisar todas as componentes, como as acessibilidades. Não se conhecem números relativos ao investimento exigido por esta solução, nem se haverá necessidade de algum envolvimento do Estado ao nível dos acessos.

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O anterior executivo chegou a preparar um memorando de entendimento relativo ao desenvolvimento do aeroporto no Montijo, mas as autarquias envolvidas (Lisboa e Montijo) acabaram por não assinar o documento antes das eleições.

O ministro reconhece contudo que se vai começar a negociar com a concessionária dos aeroportos sobre a solução do Montijo. É que apesar do limite de passageiros que desencadeia o processo de discussão do novo aeroporto ainda não ter sido atingido, o crescimento do tráfego tem sido superior às previsões.

ANA reforça capacidade do terminal 2 para as low-cost

O principal motor do aumento da procura tem sido as companhias low-cost (baixo custo), sendo que um dos pressupostos para a solução Portela mais um passa pela transferência destas empresas para o Montijo, um destino mais distante, mas que terá também taxas aeroportuárias mais baixas. O boom destas empresas levou a ANA a anunciar o reforço de capacidade do terminal 2 que é usado pelas low-cost.

Segundo o presidente da empresa, Ponce de Leão, as obras neste terminal vão custar 2,6 milhões de euros e têm como finalidade elevar a capacidade do controlo de segurança dos passageiros, aumento da área de embarque e de pré-embarque, que deverão estar concluídas já no verão.

“O investimento no terminal 2 não estava previsto, mas num período rápido foram encontradas soluções criativas para resolver estrangulamento do terminal 2”, adiantou o gestor em conferência de imprensa.

A ANA vai investir mais de 74 milhões de euros em 2016 nos aeroportos de Lisboa, Faro, Porto, Funchal e Açores, com remodelações e reformulações, anunciou esta quinta-feira o presidente da gestora aeroportuária.

No aeroporto de Lisboa, o investimento rondará os 33,5 milhões de euros, o que prevê reformulação das áreas de controlo, melhoria da capacidade de ‘check-in’, de despacho de bagagem e do controlo de segurança no terminal 1, que já estão em curso e estarão concluídas em maio.

O aeroporto de Faro receberá o segundo maior investimento da ANA este ano, que deverá atingir os 25 milhões de euros, de um total de 35 milhões de euros orçamentados, que prevê uma remodelação profunda do terminal de passageiros.

O investimento nos aeroportos dos Açores – que mais cresceram em 2015 na sequência da liberalização do transporte aéreo – será de 5,9 milhões de euros, segundo os dados divulgados hoje.

Já o aeroporto do Funchal receberá melhorias na eficiência operacional, no valor de quatro milhões de euros, e o aeroporto do Porto de 3,9 milhões de euros.