A Câmara da capital debate na quarta-feira uma proposta para candidatar “Lisboa histórica” a património mundial da UNESCO, abrangendo os bairros tradicionais, a frente ribeirinha e alguns miradouros.

Segundo a proposta, a que a Lusa teve hoje acesso, assinada pelos vereadores Manuel Salgado (Reabilitação Urbana e Urbanismo) e Catarina Vaz Pinto (Cultura), a candidatura “Lisboa histórica, cidade global” identifica “dois momentos que constituíram marcos decisivos na evolução da cidade — os Descobrimentos, no século XV, e o terramoto, no século XVIII” –, em que “a cidade se atualizou adotando correntes de pensamento inovadoras”.

“A cidade medieval cresceu até ao rio e transformou-se na cidade global, que mais tarde se soube reconstruir como cidade iluminista”, explicam.

Os responsáveis acrescentam que a cidade tem um “singular entrelaçado de tecidos urbanos” e testemunha “uma história milenar de intercâmbio de culturas, povos e religiões”, razões pelas quais propõem ao executivo municipal (de maioria PS) a candidatura à Lista Indicativa Nacional do Património Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

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“O bem integra o território envolvido pela Cerca Fernandina, os núcleos de Santa Clara, São Vicente e Mouraria, os colégios jesuítas de Santo Antão-o-Novo e o Noviciado da Cotovia enquanto locais de ensino de matérias científicas que constituíram grande contributo para a navegação”, especificam.

Inclui também “o Bairro Alto e o Mocambo, na Madragoa, enquanto bairros gerados na sequência dos Descobrimentos, e a Frente Ribeirinha entre o Cais do Sodré e Santa Apolónia”, onde funcionaram aterros desde a época Manuelina.

Acrescem “os miradouros de valor mais relevante”, como os de Santa Catarina, São Pedro de Alcântara, Castelo de São Jorge, Graça, Campo de Santa Clara, Portas do Sol e Santa Luzia, e ainda a zona envolvente, lê-se na proposta.

O documento recorda que a Lista Indicativa Nacional do Património Mundial da UNESCO deve ser revista de 10 em 10 anos e que, no caso de Portugal, os 10 anos de vigência terminaram a 31 de dezembro de 2015.

Numa reunião pública de abril passado, o vereador Manuel Salgado informou que o município iria apresentar, “até fevereiro de 2018”, uma candidatura dos bairros tradicionais da cidade às Paisagens Urbanas Históricas da UNESCO.

Na ocasião, o autarca disse que o município não iria retomar a candidatura da Baixa Pombalina a Património Cultural, alargando-a antes a outras zonas.

O responsável adiantou, na altura, que a candidatura só pode ser apresentada depois de 2017, já que Portugal integra o Comité do Património da UNESCO até esse ano.

A candidatura da Baixa lisboeta à distinção da UNESCO foi aprovada em 2005 pela Câmara de Lisboa, então presidida por Pedro Santana Lopes, mas nunca avançou.

Em Portugal, existem 15 locais que estão inscritos na Lista de Património Mundial da UNESCO.

Na reunião privada de quarta-feira, a autarquia debate ainda as normas de funcionamento do Fundo de Desenvolvimento Turístico de Lisboa, documento que vai voltar a ser apreciado para, entre outras alterações, simplificar as “condições de elegibilidade para financiamento dos projetos”.