O Governo da Venezuela convocou na quinta-feira uma reunião com os diplomatas estrangeiros acreditados no país para lhes pedir respeito pela legislação nacional e para não se intrometerem na vida política venezuelana.

“Fazemos este apelo a que os funcionários diplomáticos acreditados na Venezuela não se envolvam na vida política nacional. Não lhes corresponde, não lhes compete”, disse a ministra das Relações Exteriores, Delcy Rodríguez, a responsável do Governo de Caracas que se reuniu com os diplomatas.

Segundo a ministra, “a Venezuela, hoje, é vítima de uma guerra não convencional” e o Governo “tem podido demonstrar como, através da agressão mediática, através da agressão financeira, do cerco e do bloqueio financeiro, comercial, económico” está em curso “uma guerra contra o povo” venezuelano.

“Os diplomatas devem cingir a sua atuação às leis internacionais, à Convenção de Viena, às leis da Venezuela e à cortesia internacional (…). Devem cingir a sua atuação também ao respeito pelas leis do país onde estão acreditados”, vincou ainda.

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Segundo Delcy Rodriguez, a nova maioria parlamentar de oposição ao Governo “pretende uma intervenção internacional na Venezuela, baseada em situações de violência”.

Por outro lado, sublinhou que o Presidente Nicolás Maduro quer estreitar as relações bilaterais, cooperação, amizade e união com os diversos Governos estrangeiros.

“O povo da Venezuela e o seu Governo legítimo e constitucional saberá defender com firmeza a soberania nacional, a independência da nossa pátria. Somos um povo livre, um Governo responsável e estamos aqui para defender e preservar a paz do nosso país”, disse.

Segundo fontes diplomáticas, Portugal esteve representado nesta reunião por João Camilo, encarregado de negócios da Embaixada de Portugal em Caracas.

A aliança da oposição Mesa de Unidade Democrática obteve, nas eleições de 06 de dezembro último, a primeira maioria parlamentar em 16 anos, conseguindo 112 dos 167 deputados.

No entanto, na sequência de uma decisão do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), apenas 109 deputados da oposição e 54 do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) puderam, a 5 de janeiro último, entrar em funções.

Um dia depois, em sessão ordinária, a nova direção do parlamento deu posse aos três deputados opositores excluídos, um ato que o PSUV diz tratar-se de desobediência ao STJ.