Recorrendo apenas à memória, é fácil elencar uma série de históricos estabelecimentos lisboetas desaparecidos nos últimos anos/meses. Livrarias como a Portugal, a Barateira, a Diário de Notícias ou a Sá da Costa, entretanto reaberta como alfarrabista. Restaurantes como o Palmeira, o Isaura, a Adega dos Lombinhos ou o Porto de Abrigo. Ourivesarias como a Aliança ou a Eloy de Jesus. E a lista continua: Panificação do Chiado, Casa da Sorte, charcutaria Nova Açoreana, alfaiataria Piccadilly… nem a mítica (e concorrida) Nunes Corrêa — recém-transformada em loja exclusivamente online — conseguiu escapar à tendência. E estes são apenas a amostra mais memorável.

Mas se ver lojas a desaparecer é algo transversal a qualquer época, a velocidade com que isso tem acontecido nos últimos tempos é novidade. Não apenas a velocidade, mas também a forma: em vários dos casos referidos as portas não se fecharam devido a falências mas sim por despejos permitidos pela Lei do Arrendamento, situação que motivou uma recente petição por parte do Fórum Cidadania LX. Resumindo, as lojas em questão não tinham falta de clientela, apenas de proteção legal.

A empresária Catarina Portas, responsável pelas lojas Vida Portuguesa, tem sido das vozes mais ativas no alerta para este súbito desaparecimento de muito do comércio tradicional lisboeta. Fê-lo numa das conversas organizadas pelo Observador, em outubro, dedicada ao turismo. E fê-lo mais recentemente num artigo de opinião no Diário de Notícias, intitulado “O Tufão”. Vale a pena ler e vale a pena, também, recordar na fotogaleria algumas das lojas mais bonitas e emblemáticas que Lisboa foi perdendo ao longo dos anos.

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