Barack Obama discursou pela última vez sobre o Estado da União, na noite desta terça-feira, e, sem nomear o candidato republicano, centrou as críticas nas ideias anti-imigração de Donald Trump, contam o Financial Times e o Guardian. O presidente norte-americano deixou ainda umas notas sobre o embargo a Cuba, o Estado Islâmico e o encerramento de Guantánamo.

Rejeitando o slogan de campanha de Donald Trump — “Fazer a América grande outra vez –, Obama falou em ficção fútil: “Os Estados Unidos da América são a nação mais poderosa da Terra. Ponto… Quando há algum assunto internacional importante, as pessoas do mundo não esperam que seja Pequim ou Moscovo a liderá-lo.”

Sem se referir diretamente a Donald Trump, Obama tocou também no ponto sensível que é a questão dos imigrantes mexicanos e dos muçulmanos. Trump afirmou em junho que o México enviava para os EUA droga, crime e violadores. “Vamos responder às mudanças do nosso tempo com medo, fechando-nos como nação, e virando as pessoas umas contra as outras? Ou vamos enfrentar o futuro com confiança em quem somos, no que defendemos, e nas coisas incríveis que podemos fazer juntos?”, questionou.

Relativamente aos muçulmanos, que Donald Trump quer ver proibidos de entrar no país, Obama foi taxativo: “É errado. Diminui-nos aos olhos do mundo. Torna-se mais difícil atingirmos os nossos objetivos. E traímos quem somos como país.” Donald Trump, em resposta, em campanha ou simplesmente por ser Trump, desabafou no Twitter: “O discurso do Estado da União foi um dos mais chatos, confusos e sem substância que eu ouvi em muito tempo. Nova liderança rápido!”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O discurso de Obama reservou ainda palavras para um lamento. “Uma das desilusões da minha presidência é que o rancor e suspeição entre os partidos ficou pior em vez de melhorar. Se queremos melhores políticas, não é suficiente mudar apenas um congressista ou um senador, ou até um presidente. Temos de mudar o sistema para refletir o melhor de nós”, explicou.

Estado Islâmico e Guantánamo

O Presidente norte-americano, que instou o Congresso a levantar o embargo a Cuba, tentou acalmar quem vê no combate ao Estado Islâmico a “terceira guerra mundial”, garantindo que “não ameaça a existência nacional”, e exortou o Congresso a aprovar uma base legal e específica para essa campanha.

“Enquanto nos centramos em destruir o Estado Islâmico, as mensagens exageradas de que esta é a Terceira Guerra Mundial apenas beneficiam” os ‘jihadistas’, afirmou Obama. “Eles não ameaçam a nossa existência nacional. Essa é a história que o EI quer contar, é o tipo de propaganda que usam para recrutar”, frisou.

Barack Obama reafirmou a sua promessa de tentar encerrar a prisão de Guantánamo. Esta prisão, localizada em Cuba, “apenas serve de folheto de recrutamento para os nossos inimigos”, sublinhou Barack Obama no tradicional discurso diante do Congresso dos Estados Unidos. “É cara e inútil”, reforçou. Encerrar a prisão de Guantánamo constituiu uma das principais promessas da primeira campanha eleitoral de Obama, cujo segundo e último mandato termina em janeiro de 2017.