Os desenvolvimentos sobre os bastidores políticos na Venezuela desde as eleições parlamentares que deu a maioria à coligação de oposição, Mesa de Unidade Democrática (MUD), não param de surgir.

Uma guerra entre Governo e oposição pelo poder que teve o seu pico quando o Executivo de Nicolás Maduro pediu ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ) para impugnar a eleição de 8 deputados da oposição. Ora, o STJ ordenou a suspensão da proclamação de três parlamentares da oposição. Apesar desta decisão o presidente da Assembleia Nacional Henry Ramos Allup, da MUD, decidiu empossar os mesmos três deputados e, em reação, o STJ declarou que todas as decisões do parlamento são “nulas” enquanto os três membros da oposição permanecerem em funções.

Agora, Allup anunciou, esta terça-feira, que os três deputados da oposição ao Governo pediram para ser “desincorporados” do parlamento, perante suspeitas de alegas irregularidades eleitorais na sua eleição pelo estado Amazonas e depois da decisão do Supremo. Trata-se de Nirma Guarulla, Júlio Ygarza e Romel Guzamana, eleitos nas eleições de 06 de dezembro último.

“Eles pediram para ser desincorporados, para se defenderem judicialmente e evitar que com esta manobra o STJ torne nugatória [ridícula] a atividade da AN. Esta quarta-feira daremos conta, na sessão ordinária, tanto da carta pedindo a desincorporação, como da sentença que nos passou o tribunal”, disse o presidente do parlamento, em declarações ao canal em espanhol da cadeia norte-americana de televisão CNN.

Henry Ramos Allup precisou que se a AN decidir desincorporar estes três deputados, “a câmara passará de 167 para 164” parlamentares, o que faz “baixar o quórum e, por conseguinte, a [aliança da oposição] Mesa de Unidade Democrática manterá os dois terços” do parlamento.

A Mesa de Unidade Democrática obteve nas eleições de dezembro a primeira vitória da oposição da Venezuela em 16 anos, conseguindo eleger 112 dos 167 lugares que compõem o parlamento, uma maioria de dois terços que lhe confere amplos poderes e marca uma viragem histórica contra o regime “chavista”, protagonizado pelo Presidente Hugo Chávez e continuado por Nicolás Maduro.

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