O Banco de Moçambique considerou hoje “desafiante” a meta de um crescimento económico de 7% e de uma inflação anual de 5,6% prevista para este ano, assinalando que a seca e as cheias poderão agravar os riscos de conjuntura.

A posição do Banco de Moçambique em relação aos principais indicadores macroeconómicos definidos para este ano pelo Governo moçambicano consta do comunicado emitido hoje pelo Comité de Política Monetária (CPMO) da instituição, no final do primeiro encontro deste ano, realizado pelo órgão.

“O CPMO reconheceu serem desafiantes os objetivos macroeconómicos para 2016, que estabelecem uma inflação anual de 5,6%, uma taxa de crescimento real do PIB de 7% e um nível adequado de reservas internacionais, num quadro em que a situação de seca e de cheias em algumas regiões do país poderá agravar os riscos da conjuntura económica doméstica”, indica a nota de imprensa.

As projeções avançadas pelas autoridades moçambicanas, prossegue a nota de imprensa, são mais exigentes ainda, tendo em conta o contexto de fraca recuperação da atividade económica mundial, em particular nas economias de mercados emergentes.

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O CPMO do Banco de Moçambique considera necessário reforçar a coordenação das políticas monetária e fiscal em face dos objetivos estabelecidos para 2016, assim como tornar mais eficazes as políticas setoriais, tendo em vista fortalecer a resiliência da economia moçambicana a choques exógenos.

O comunicado refere que o país registou um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 5,9% no terceiro trimestre de 2015, menos 1,9 pontos percentuais em relação ao observado no período homólogo de 2014, refletindo o abrandamento da atividade económica ocorrido nos setores primário e terciário, perante a estabilidade no setor secundário.

O setor primário cresceu 6,3% contra os 8,1% registados em igual período de 2014, desaceleração justificada, principalmente, pelo fraco desempenho da indústria extrativa, que cresceu somente 8,7%, após 63,2% no terceiro trimestre de 2014 e a produção agrícola incrementou de 0,6% para 5,6%.

Citando dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), o CPMO do Banco de Moçambique refere que 2015 registou a inflação anual mais alta dos últimos cinco anos, fixando-se em 6%, acima da meta definida pelo Governo moçambicano para aquele ano, que era de menos de 5%.

A moeda nacional, o metical, sofreu de janeiro a dezembro de 2015 uma depreciação anual de 42,25% em relação ao dólar, traduzindo um abrandamento da desvalorização da moeda nacional, que até novembro do ano passado tinha perdido 73,2% de valor em relação ao dólar.

“O abrandamento da depreciação do metical refletiu, em parte, o pacote de medidas adotadas pelo Banco de Moçambique visando repor a estabilidade”, refere a nota de imprensa.

O CPMO do Banco de Moçambique decidiu manter as principais taxas de juro, fixando a taxa das Facilidades Permanentes de Cedência (FPC) em 9,75% e de Depósito (FPD) 3,75%, respetivamente, e o coeficiente de Reservas Obrigatórias em 10,5%.