Bem-disposto, Paulo Portas comentou esta sexta-feira o anúncio da candidatura de Assunção Cristas à liderança do CDS, afirmando que tem “a maior confiança no futuro do CDS”. Inquirido pelos jornalistas, no Parlamento, sobre se Assunção Cristas era uma boa escolha para líder do CDS e, assim, sua sucessora, o presidente do partido que não se recandidata ao cargo no Congresso de março deu uma resposta sem personalizar, que podia até ser aplicada a toda a nova geração de quadros com que trabalha há vários anos.

A confiança que expressou, passou a explicar, radica no facto de considerar que existe “uma geração muito responsável e capaz” nos corredores do largo do Caldas.

Até quinta-feira, havia a dúvida sobre se da ala portista avançariam como candidatos à liderança um ou dois nomes: Nuno Melo e/ou Assunção Cristas. Portas nunca o disse em público mas a ex-ministra da Agricultura, que chegou ao partido em 2007 pela sua própria mão, era a preferida.

Melo, que esteve em reflexão mais de duas semanas, acabou por não avançar depois de várias conversas, entre as quais com Cristas, a quem já deu apoio. Na declaração que fez no Caldas, explicou que tinha vontade de avançar mas que, como era eurodeputado, não poderia assumir a liderança do partido estando fora do Parlamento. Argumentou ainda com o facto de não querer ver o partido “balcanizar-se” em torno de duas candidaturas. Ao fim do dia, Cristas anunciava que era mesmo candidata.

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Paulo Portas manteve-se toda a quinta-feira decisiva em silêncio, enquanto decorriam as revelações sobre o futuro próximo do CDS. A ação desenrolava-se toda no Caldas, mas Portas esteve quase toda a tarde no Parlamento, cruzando-se corredor sim, corredor não com jornalistas mas desviando sempre o assunto, com um sorriso e uma palavra de ironia. Bem disposto, até brincava com o assunto.

Numa conversa descontraída à porta do gabinete parlamentar do CDS, que por sinal é vizinho do gabinete do Bloco de Esquerda, Paulo Portas metia-se com o líder parlamentar Pedro Filipe Soares sobre os tempos recentes em que também os bloquistas disputavam a sucessão depois de um período conturbado de liderança bicéfala. “É a democracia, é a pluralidade”, dizia Pedro Filipe Soares, lembrando-se de que foi ele que disputou a liderança com a atual coordenadora Catarina Martins.

“Boa tarde dr. Paulo…”, ouvia-se ainda na quinta-feira nos corredores da Assembleia. Mas sem tempo para o interlocutor dizer o apelido, Portas respondia: “Sacadura, Paulo Sacadura”, numa alusão ao apelido que herdou da parte da mãe. “Agora sou Sacadura”. Termina o mandato, perde-se o P. Curioso é que fica um S. PS?