O Bloco de Esquerda vai questionar o Governo sobre os recentes cortes em serviços da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP), considerando que “há falhas na gestão” da empresa que “já podiam e deviam ter sido corrigidas”.

“É verdade que as empresas de transportes públicos em Lisboa e no Porto estão um bocado sujeitas ao impacto destruidor que o anterior governo deixou como rasto e isso demora algum tempo a ser recomposto, mas em qualquer caso há coisas que são absolutamente urgentes e que uma gestão minimamente responsável, e que responda aos interesses dos utentes e das pessoas que se pretendem mover com eficácia”, deve responder “com urgência”, afirmou o deputado do BE Heitor de Sousa à Lusa.

O deputado falava à Lusa no final de uma reunião de cerca de duas horas, no Porto, com organizações representativas dos trabalhadores (ORT) da STCP, que se manifestaram “apreensivas” com o futuro da empresa.

Depois de na semana passada as ORT terem pedido uma reunião com caráter de urgência ao Governo, Pedro Silva, da Comissão de Trabalhadores (CT) da STCP, afirmou esta manhã ainda não ter sido dada qualquer resposta ao solicitado, sendo que mantém-se “premente” ver esclarecido um conjunto de questões como “a composição do futuro conselho de administração da empresa e os cortes no serviço”.

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Heitor de Sousa referiu que os deputados do BE vão “colocar várias questões ao Governo”, relacionadas com “a prestação do serviço da STCP na Área Metropolitana do Porto e com algumas falhas que continuam visíveis na gestão do transporte do Porto que já podiam e deviam ter sido corrigidas”.

O deputado bloquista considerou que “as preocupações e reclamações dos trabalhadores da STCP são “justas” e, sendo “plenamente justificadas”, “já mereciam ter tido uma resposta positiva por parte do Governo”.

As ORT pretendem ainda perceber qual o motivo para que a empresa ainda não pague o trabalho em dias feriado a 100%, como acontece já noutras empresas do setor empresarial do Estado.

“Queremos ser recebidos o mais rapidamente possível”, frisou Pedro Silva, acrescentando que as ORT gostariam de “ter uma palavra a dizer” sobre o novo modelo de gestão que o Governo vier a definir para a STCP, depois de ter decidido reverter o processo de subconcessão.

Sobre a possibilidade da STCP ser municipalizada, Pedro Silva disse que a CT “é contra” essa ideia, por considerar que a transportadora “deve manter-se na esfera pública da administração central”.

Para o deputado do BE, “depois da reversão, é [agora] preciso que as empresas estejam reconstruídas”.

“As empresas [de transporte público de Lisboa e do Porto] foram feridas no seu funcionamento normal, é preciso que se defina um modelo de gestão que acabe de vez com a política de olhar para o utente como uma fonte de receita e passar a olhar o utente como uma pessoa que deve ser servida, e bem servida, nas deslocações que pretende fazer”, sublinhou Heitor de Sousa.

O BE “tem defendido uma gestão pública [das empresas de transporte público] tripartida, com um pilar do Estado, porque o Estado deve continuar a ser a entidade principal responsável pelos investimentos que se têm que continuar a fazer, com um pilar no município central das áreas metropolitanas, porque Lisboa e Porto são os municípios que têm a maior centralidade da gestão do território nessas áreas metropolitanas, e um pilar na autoridade metropolitana dos transportes”, concluiu o deputado.